Dez países latino-americanos e os Estados Unidos emitiram hoje nota conjunta afirmando que “rejeitam categoricamente” a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Venezuela de confirmar a vitória do presidente Nicolás Maduro sem apresentar os detalhes da votação.
O resultado apresentado pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela apontou para vitória de Maduro sem apresentar as atas que comprovariam a porcentagem de votos. Em esforço paralelo, a oposição reuniu e publicou mais de 80% das atas cujos resultados indicam vitória do opositor Edmundo González Urrutia.
“As atas de apuração […] mostram que os eleitores venezuelanos escolheram Edmundo González como seu futuro líder. A vontade do povo venezuelano deve ser respeitada. Agora é o momento para que as partes venezuelanas comecem discussões sobre uma transição respeitosa e pacífica, em conformidade com a lei eleitoral venezuelana e os desejos do povo venezuelano”, disse hoje o porta-voz do Departamento de Estado americano, Vedant Patel.
Os países signatários do comunicado também expressaram “profunda preocupação” com as violações dos direitos humanos cometidas durante a repressão pós-eleitoral de Maduro, que, segundo ativistas, resultou na detenção de mais de 1,6 mil pessoas e na morte de pelo menos 24.
O texto foi assinado por líderes de todos os espectros políticos da região, com destaque ao presidente de esquerda do Chile, Gabriel Boric, que vem sendo uma das vozes mais críticas contra a eleição de Maduro.
“Estamos lidando com uma ditadura que falsifica eleições”, disse Boric, segundo a imprensa chilena.
Entre os principais países da região que não assinaram a declaração estão Brasil e Colômbia, que vem atuando de maneira próxima da Venezuela para a divulgação das atas eleitorais e condicionam a aceitação do resultado à publicação desses documentos.