Mesmo com estudo em “tema amplo e espinhoso” que é o papel das instituições, os premiados pelo Nobel de Economia 2024 conseguiram mostrar, com evidências empíricas, a relação de causalidade entre o tipo da instituição formado nos países a partir da estratégia de colonização e o desenvolvimento atual dos países.
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“Todo mundo sabe que as instituições são importantes. É uma coisa muito grande, um tema espinhoso. Mas os pesquisadores fizeram um trabalho empírico ligado à taxa de mortalidade nas colônias e a imigração em massa ou não dos colonizadores que ajuda a explicar as diferenças de desenvolvimento econômico entre os países”, afirmou Araújo.
A Academia Real de Ciências da Suécia anunciou nesta segunda-feira o Nobel de Economia 2024 para os professores do Departamento de Economia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) Daron Acemoglu e Simon Johnson e o professor da Universidade de Chicago James Robinson. Acemoglu e Robinson são autores do livro “Porque as nações falham”. O prêmio foi concedido pelo trabalho dos pesquisadores em mostrar “como as instituições são formadas e afetam prosperidade”.
O professor do Impa e da FGV EPGE apontou que, para avaliar o papel das instituições, os estudos tratam das taxas de mortalidade nas colônias e do contingente de colonizadores que ali viviam. “Eles fizeram trabalho empírico ligado à taxa de mortalidade nas colônias, viram que os colonizadores que chegavam na América do Norte tinham menos mortalidade que aqueles colonizados por espanhóis e portugueses, por exemplo. Os pesquisadores ligaram isso com a questão de transportar as instituições de países colonizadores para colonizados”, disse.
Araújo descreveu Daron Acemoglu como uma “usina de ideias”. O estudo pelo qual foi premiado com o Nobel de Economia foi apenas um entre os muitos que fez ao longo das últimas décadas. “Acemoglu é uma usina de ideias. Vai abrindo campos de estudo em diferentes áreas”, disse.
Há trabalhos de Acemoglu em áreas diversas, como inteligência artificial – tema do livro mais recente publicado no Brasil, “Poder e Progresso” (ed. Objetiva), escrito com Simon Johnson –; tecnologia; efeitos de automação no mercado de trabalho; big techs; e economia política, por exemplo.
Pela amplitude de temas, no entanto, o professor do Impa e da FGV EPGE acredita que o trabalho de Acemoglu traz variabilidade, mas nem tudo traz destaque. “Tem coisas muito boas, outras não tão espetaculares”, disse.
