A deputada federal Tabata Amaral, candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PSB, foi a quinta entrevistada pela Central das Eleições, da GloboNews, nessa sexta-feira (30).
O candidato do PRTB, Pablo Marçal, foi o primeiro sabatinado. Na entrevista, realizada na segunda (26), ele prometeu 2 milhões de empregos e educação integral, disse que a “direita não tem dono” e que em eleição “vale tudo”. Confira o que é #FATO ou #FAKE na entrevista dele.
No dia seguinte, foi a vez do prefeito Ricardo Nunes, que tenta a reeleição pelo MDB. Ele prometeu “maior Ideb” em escolas, negou que apoio de Bolsonaro seja traição a Bruno Covas e disse que cumprirá decisão de aborto legal. Veja o que é #FATO ou #FAKE na entrevista de Nunes.
O terceiro sabatinado foi o deputado federal Guilherme Boulos. O candidato pelo Psol prometeu regularizar 200 mil moradias, admitiu “compartilhar espaços” com Centrão e rechaçou linguagem neutra em seu governo. Confira o que é #FATO ou #FAKE na entrevista dele.
Já o apresentador José Luiz Datena, candidato pelo PSDB foi entrevistado na quinta-feira (29). Na sabatina, ele admitiu que “escolheu a eleição errada” para disputar e defendeu internação compulsória caso a caso na Cracolândia. Veja o que é #FATO ou #FAKE na entrevista de Datena.
A equipe do Fato ou Fake checou as principais declarações de Tabata Amaral. Leia:
“De cada três pessoas que moram aqui em São Paulo, uma já teve o celular roubado.”
A declaração é #FATO. Veja por quê: Segundo pesquisa divulgada em março deste ano pelo Datafolha, 35% dos moradores de São Paulo já tiveram seu celular roubado, ou seja, em média 1 em cada 3 pessoas que vivem na capital foram vítimas deste crime.
Metade delas são jovens, com idades entre 25 e 34 anos. Quem vive na região central da cidade corre mais risco de ter seu aparelho levado, mostra a pesquisa. Do total de 1.090 entrevistados, 16% ainda afirmaram que foram roubados mais de uma vez.
“O principal número de chamados que a Polícia Militar responde aqui na capital é reclamação por ruído. É o pancadão, é o bar que vai até de madrugada.”
A declaração é #FATO. Veja por quê: A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) divulgou, em junho deste ano, dados dos chamados do 190 atendidos pela Polícia Militar. Segundo o levantamento, na capital e na Região Metropolitana foram registradas 727 mil chamados de perturbação de sossego.
O número representa 24,7% do total de chamados do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom). Em segundo lugar, estão as ocorrências de discussões em geral, conhecidas como desinteligência, com 367 mil notificações.
“Teresina conseguiu reduzir pela metade o roubo de celulares. Como? Trabalhando com o governo do estado, com o Piauí, e fazendo uma atuação de usar tecnologia, com uma articulação.”
A declaração é #FATO. Veja por quê: De janeiro a julho de 2024, Teresina registrou queda de 42% nos roubos de celulares, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em julho, a queda foi de metade (51%). Os dados são da Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP).
Em 2023, a capital piauiense foi a segunda cidade do país em taxa de furto e roubo de celulares, como apontado pelo Anuário de Segurança Pública, que mede as ocorrências em cidades com mais de 100 mil habitantes. Teresina teve uma taxa de 1.866 ocorrências por 100 mil habitantes. Só ficou atrás de Manaus, com 2.093 casos. São Paulo ficou em terceiro lugar.
“Temos dez candidatos a prefeito em São Paulo, apenas dois conseguiram trazer apoio político de outros partidos.”
A declaração é #FATO. Veja por quê: Há dez candidatos à Prefeitura de São Paulo, e apenas Guilherme Boulos (Psol) e Ricardo Nunes (MDB) concorrem em coligações.
A candidatura de Boulos faz parte da coligação “Amor por São Paulo”, que reúne as federações “Psol Rede”, com os partidos Psol e Rede, e “Brasil da Esperança – Fé Brasil”, com PT, PC do B e PV”. Também tem o apoio do PDT.
O MDB de Nunes integra a coligação “Caminho seguro pra São Paulo”, composta também por PP, PL, PSD, Republicanos, Solidariedade, Pode, Avante, PRD, Agir, Mobiliza e União.
Datena, por sua vez, concorre pela federação PSDB Cidadania, que reúne os dois partidos. No entanto, a federação é diferente de uma coligação, porque nela os partidos atuam como uma agremiação única, o que difere do apoio político tradicional. A união precisa durar, no mínimo, o período do mandato.
Pablo Marçal é candidato do PRTB, sem coligação. O mesmo ocorre com Altino Prazeres (PSTU), Bebeto Haddad (DC), João Pimenta (PCO), Marina Helena (Novo) e Ricardo Senese (UP).
“Mas, nessas duas semanas de campanha, até menos, eu cresço em todas as pesquisas. E na última que foi a da Quest eu cresço 3 pontos.”
A declaração é #FAKE. Veja por quê: Em ambas as pesquisas, Quaest e Datafolha, Tabata apresentou oscilação positiva no número de intenção de votos dentro das margens de erro. Dessa forma, não é possível considerar que a candidata apresentou crescimento. Para isso, é preciso crescer para além da margem de erro.
Na última pesquisa Quaest, divulgada na terça-feira (28), Tabata passou de 6% para 8% na intenção de voto. No Datafolha, a candidata do PSB também oscilou dentro da margem de erro, indo de 7% para 8%. Nos dois levantamentos, a margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
Questionada pelo Fato ou Fake, a assessoria de imprensa da candidata disse que “A oscilação positiva confirmada pelas duas pesquisas possibilita afirmar que Tabata Amaral cresceu”.
“Eleições municipais são muito diferentes das eleições federais. O último prefeito eleito em São Paulo foi Bruno Covas, que não era o candidato nem do Lula nem do Bolsonaro e que a essa altura do campeonato estava com uma intenção de votos parecida com a minha.”
A declaração é #FAKE. Veja por quê: A mais recente pesquisa Datafolha sobre a eleição de SP, divulgada em 22 de agosto, 45 dias antes do primeiro turno, mostra Tabata com 8% no cenário estimulado (quando os nomes dos candidatos são dados aos entrevistados). Com a margem de erro de 3 pontos, varia entre 5% e 11%.
Por causa da pandemia, a eleição municipal de 2020 ocorreu em 15 de novembro – o que faz com que o momento equivalente ao atual, 45 dias antes do primeiro turno, tenha se dado em 1º de outubro daquele ano. A data fica entre duas pesquisas Datafolha, divulgadas em 23 de setembro e 8 de outubro. Na primeira, Bruno Covas, então candidato pelo PSDB, tinha 20% das intenções de voto no cenário estimulado. Na segunda, 21%.
Quando se considera o cenário espontâneo (em que os nomes dos candidatos não são apresentados a quem responde a pesquisa), Tabata tem 4% das intenções de voto na pesquisa Datafolha de 22 de agosto. Com a margem de erro, varia entre 1% e 7%.
Em 2020, no cenário espontâneo, Covas tinha 8% na pesquisa de setembro e 10% na de outubro.
“A gente ia passear no Centro (…) 20% dos imóveis estão abandonados.”
A declaração é #FATO. Veja por quê: Dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em março deste ano, indicam que há 58,7 mil domicílios particulares abandonados no centro de São Paulo, segundo levantamento da Folha de S.Paulo. O número é 20,7% do total de unidades da região.
“Eu sou a candidata com a menor rejeição.”
#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Pesquisa divulgada pelo Datafolha em 22 de agosto mostra que 18% dos paulistanos não votariam em Tabata Amaral. A candidata tem rejeição inferior à de Guilherme Boulos (Psol), com 37%, Pablo Marçal (PRTB), com 34%, José Luiz Datena (PSDB), com 32%, e Ricardo Nunes (MDB), com 25% — que lideram a disputa, de acordo com a pesquisa.
No entanto, a rejeição de Tabata está empatada — numericamente ou dentro da margem de erro — com a dos demais candidatos, menos expressivos nas intenções de voto. Veja os percentuais:
- Bebeto Haddad (DC): 18%
- João Pimenta (PCO): 17%
- Marina Helena (Novo): 14%
- Altino Prazeres (PSTU): 14%
- Ricardo Senese (UP): 12%
Ao Fato ou Fake, a assessoria de imprensa da candidata informou: “Ao afirmar que tem a menor rejeição, Tabata Amaral considerou os cinco primeiros colocados”.
“[Nos anos iniciais] A gente viu, depois da pandemia, o Brasil melhorou no índice de educação, que é o Ideb. O Estado de São Paulo melhorou e a capital de São Paulo caiu.”
#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Dados do Ideb apontam que, depois da pandemia, nas medições realizadas em 2021 e 2023, os índices do estado de São Paulo melhoraram apenas quando se analisa os anos iniciais (1º ao 5º ano do fundamental). Nesta faixa, na rede pública, a nota foi de 6,1 em 2021 e de 6,2 em 2023.
No entanto, quando se considera também os anos finais (6º ao 9º ano do Fundamental), o estado de SP apresentou queda nos índices, de 5,3 para 5,1. Também houve uma piora dos números do ensino Médio: o índice caiu de 4,4 para 4,2.
Considerando o cenário nacional, o Brasil obteve melhora na rede pública entre 2021 e 2023 quando se analisa os anos iniciais. Já nos anos finais, o país teve queda.
Por fim, analisando a Prefeitura de São Paulo, os dados do Ideb apontam que a nota da rede municipal paulistana realmente caiu nos anos iniciais, ciclo que é de competência das prefeituras: o índice caiu de 5,7 em 2021 para 5,6 em 2023.
Ao Fato ao Fake, a assessoria da candidata Tabata Amaral afirmou que “a fala da candidata compara os resultados ‘Anos Iniciais do Ideb’ entre 2021 e 2023, que marca o período de recuperação pós pandemia”.
Ao Fato ou Fake, a campanha do prefeito Ricardo Nunes, candidato à reeleição, afirmou em nota que “ainda estamos sob efeito dos reflexos da pandemia que impactou o desempenho dos estudantes – 2023 foi o primeiro ano que a prova foi realizada pós-pandemia”. “Nos anos iniciais do Ensino Fundamental a nota da rede municipal de SP (5,6) ficou somente 0,2 abaixo da média das redes municipais do Brasil 5,8”, diz em nota.
Participaram da checagem: Ana Luiza Tieghi, Andressa Motter, Cecília do Lago, Letícia Dauer, Marcelo Parreira, Mel Trench, Paulo Assad, Roney Domingos e Vinícius Bernardes.