A equipe do Fato ou Fake checou as principais declarações da candidata. Leia:
“Sou o único cara que não tem coligação. (…) O nosso partido e eu não temos coligação. Temos uma coligação com o Cidadania. (…) “Eu sou o único candidato independente, livre, que não tem coligação.”
A declaração é #FAKE. Veja por quê: A candidatura de Datena não firmou, até o momento, aliança com outros partidos além do PSDB e Cidadania, que estão federados e têm que disputar juntos estas eleições municipais. No entanto, há outros candidatos à Prefeitura de São Paulo que têm apoio apenas de seus próprios partidos. Um exemplo é Marina Helena, que registrou sua candidatura na Justiça Eleitoral apenas com sua legenda, o Novo. Tabata Amaral (PSB), Pablo Marçal (PRTB), Altino Prazeres, João Pimenta (PCO) e Bebetto Haddad (DC) são outros exemplos de candidatos que não ampliaram a aliança e devem ter apenas suas legendas na coligação. Os postulantes têm até o dia 15 de agosto para registrarem suas candidaturas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Tem AMAS que funcionam 24 horas, mas são muito poucas. São 15 no meio de 1037 ou 1060 unidades de saúde. Em cada subprefeitura vai ter que ter um hospital ou uma UBS – são 471 – abertas 24 horas por dia.”
A declaração é #FATO. Veja por quê: Os dados citados pelo candidato são próximos aos números oficiais da Prefeitura de São Paulo: há 1048 unidades de Assistência Médica Ambulatorial (AMA) funcionando na cidade. Destas, 15 estão abertas 24 horas para o atendimento. Em relação às Unidades Básicas de Saúde (UBS), são 474.
“Para uma prefeitura que tem um orçamento de R$107 bilhões, que ganha muito dinheiro e que não tem nenhuma dívida.”
A declaração é #FATO. Veja por quê: Em junho de 2023, a Câmara de São Paulo previu um orçamento para 2024 de R$ 107,3 bilhões. Entretanto, em dezembro, o valor final aprovado foi de R$ 111,8 bilhões. De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, o município realmente não tem dívidas, mas sim créditos financeiros.
“Nós tivemos um indivíduo preso que lavava dinheiro para o PCC. O sujeito lavava R$ 80 milhões de dinheiro da droga para um tal de ‘Cara Preta’ e ‘Sem Sangue’, que ele passou a dever para o ‘Cara Preta’ e o ‘Sem Sangue’ e, dizem, produto de investigação da Polícia de SP, que esse cidadão mandou matar o ‘Cara Preta’ para não pagar. Só esse cidadão teria lavado quase 200 milhões em imóveis na ZL de SP.”
A declaração é #FATO. Veja por quê: Antônio Vinícius Gritzbach é acusado pelo Ministério Público de São Paulo de lavagem de dinheiro para o PCC utilizando empresas de fachada do ramo imobiliário.
Ele também é acusado de ser o mandante das mortes do traficante Anselmo Becheli Santa Fausta, o “Cara Preta”, e do seu braço direito, Antônio Corona Neto, o “Sem Sangue”. O caso ocorreu em 2021, no Tatuapé, na Zona Leste da capital paulista.
A motivação seria o não repasse, por parte de Antônio Vinicius, de valores que foram lavados para a organização.
Ao comentar a fala do candidato Datena ao g1, o MP-SP afirmou que “todas as informações procedem”. O processo no Tribunal de Justiça de São Paulo tramita em segredo de Justiça e sob sigilo externo.
“Tem obras faraônicas por aí, mas em primeiro lugar, você precisa resolver o problema de galerias que têm centenas de anos. São da época do Império. Essas galerias terão que ser refeitas, principalmente na região do centro da cidade.”
A declaração é #FAKE. Veja por quê: A cidade de São Paulo não possuía galerias pluviais no período imperial, que terminou em 1889 com a proclamação da República.
De acordo com uma planta da cidade datada de 1890, do Museu Paulista da USP, as regiões de São Paulo ocupadas no final do Império correspondiam à totalidade da mancha urbana da capital à época, que já contava com 70 mil habitantes. São os bairros, hoje centrais, da Luz, Santa Cecília, Bom Retiro, República, Brás, Pari, Campos Elíseos, Liberdade, Bela Vista e Mooca. Naquele tempo, não havia ainda a canalização do Rio Tamanduateí nem ocupação densa de ruas nas áreas de sua várzea, embora já tivesse sido realizada uma obra para mudança do curso do rio em um trecho da região da Luz.
Entretanto, o último alerta de alagamento na cidade de São Paulo, em julho de 2024, não foi nos bairros centrais, mas sim em outras zonas da cidade, em áreas de risco com urbanização recente, a partir da década de 50 do século XX.
“Não existe tarifa zero. Nós já pagamos muito. O cidadão que anda de ônibus paga muito para andar no ônibus de São Paulo. Ele [Ricardo Nunes] dá subsídio de R$ 5 bilhões. A previsão do ano que vem é de R$ 8 bilhões.”
#NÃOÉBEMASSIM. Veja o porquê: Desde 17 de dezembro de 2023, a tarifa dos ônibus municipais de São Paulo passou a ser gratuita aos domingos entre 0h e 23h59. O programa foi batizado de “Domingão Tarifa Zero” e já foi utilizado por 102 milhões de passageiros até julho deste ano.
Segundo os dados do histórico de receitas e despesas da SPTrans, a Prefeitura de São Paulo pagou R$ 3,29 bilhões de subsídio as empresas de ônibus no primeiro semestre de 2024. A expectativa é a de que o valor da compensação tarifária do sistema de ônibus em 2024 chegue a R$ 5,6 bilhões, conforme a Lei Orçamentária Anual (LOA).
Diferente da alegação do apresentador Datena, a SPTrans informou que o orçamento para 2025 ainda não está definido.
Apesar do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2025 ter sido aprovado pelos vereadores em julho, a Câmara Municipal explicou que o detalhamento do orçamento por pastas ocorre na Lei Orçamentária votada apenas no fim do ano.
“[Fazer um pente-fino] Em todas as áreas. Transporte público, educação infantil…2500 creches que nós temos, organizações sociais, são conveniadas da prefeitura. A maioria é excepcional, tem funcionado bem, mas nós temos que ter segurança sobretudo.”
A declaração é #FATO. Veja por quê: O dado citado por Datena é próximo do número oficial informado pela Secretaria Municipal de Educação. A rede municipal paulistana tem 2578 Centros de Educação Infantil (CEIs). Destas, 359 são da rede direta e 2219 são geridas por entidades parceiras. São 332.464 bebês e crianças de 0 a 3 anos matriculados. Destes 281.263 estão em creches parceiras.
“O objetivo do radar não é reduzir acidentes, senão não teria tanto acidente no trânsito de São Paulo.”
#NÃOÉBEMASSIM. Veja o porquê: O aumento dos acidentes de trânsito em São Paulo não pode ser considerado evidência de uma suposta ineficiência na escolha de posição dos radares. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), atualmente há 826 locais com fiscalização de velocidade ativos na cidade. São 179 na Zona Norte, 227 na Zona Leste, 245 no Centro e Zona Oeste, e 175 na Zona Sul. Eles são distribuídos na cidade inteira conforme mapa público divulgado pela CET.
O aumento dos acidentes é um #FATO. Em 2024, de janeiro a junho, houve 2999 óbitos relacionados a acidentes de trânsito na cidade de São Paulo, número 23,1% maior do que no ano passado, segundo dados do Infosiga. É a maior taxa dos últimos 8 anos.
Entretanto, o candidato não apresentou ou citou nenhum estudo científico que sustente sua afirmação, que contradiz o consenso científico no tema. Três pesquisadores da USP verificaram que perto dos radares há menos acidentes de trânsito em São Paulo utilizando dados da CET. A própria CET possui notas técnicas sobre o impacto na redução dos acidentes com a redução da velocidade nas marginais.
Para a Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, há uma correlação forte entre o aumento de velocidade e o risco de acidentes de trânsito. Segundo um estudo sueco, uma alteração na velocidade média de 1 km/h resultará numa alteração do número de acidentes que varia entre 2% para uma estrada de 120 km/h e 4% para uma estrada de 50 km/h. Esse estudo serve de referência para engenharia de tráfego.
Participaram da checagem: Carlos Henrique Dias, Cecília do Lago, Cíntia Acayaba, Cristiane Agostine, Daniel Reis, Giovanna Durães, Letícia Dauer, Lívia Martins, Mel Trench e Roney Domingos