A usina nuclear Angra 2, no Rio de Janeiro, alcançou em julho a maior geração mensal de energia elétrica desde agosto de 2019. No mês passado, a usina produziu 1.015.070 megawatts-hora (MWh), a maior quantidade nos últimos cinco anos, segundo informações da Eletronuclear.
A segunda usina nuclear brasileira começou a operar comercialmente em 2001, o que permitiu ao Brasil economizar água dos reservatórios das hidrelétricas em um momento em que o país vivia um racionamento de energia. Com 1.350 megawatts (MW) de capacidade instalada, Angra 2 é capaz de atender ao consumo de uma cidade de 4 milhões de habitantes, como Porto Alegre e Brasília, somadas.
O anúncio do recorde ocorre enquanto o Brasil discute se vai ou não terminar a construção da terceira central de energia nucelar. Em entrevista recente ao Valor, o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, defendeu a conclusão das obras e a entrada em operação da central. Segundo ele, abandonar o projeto deve causar um prejuízo de R$ 14 bilhões e mais de 11 mil equipamentos nucleares podem ir parar no ferro-velho.
O valor se refere a multas e penalidades, além da devolução de incentivos fiscais, já que a empresa obteve benefícios na aquisição dos equipamentos. A construção de Angra 3 se arrasta desde os anos 1980 e parou por conta da crise econômica e de denúncias de corrupção.
Até o momento, foram investidos R$ 7,8 bilhões e é necessário quase o triplo desse valor para colocá-la em pé. Já foi realizada 67% da obra civil. Se concluída, a usina terá uma capacidade instalada de 1,4 GW.
A decisão de concluir ou abandonar de vez a construção da central nuclear ocorre ainda em um momento em que o governo negocia a saída da Eletrobras da Eletronuclear, com sua consequente exoneração do projeto de construção de Angra 3.