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Tudo sobre a eleição dos Estados Unidos | Mundo

Redação
por Redação

Reviravoltas dramáticas marcaram o período entre junho e julho, como o desastroso desempenho de Biden em um debate antecipado contra Trump em 27 de junho, a tentativa de assassinato contra Trump em 13 de julho, durante um comício na Pensilvânia; a decisão de Biden de desistir da disputa em 21 de julho em apoiar a sua vice, Kamala Harris, que numa ascensão meteórica tornou-se a candidata do partido em pouco mais de 24h, revigorando o eleitorado democrata.

A poucos dias para o início da eleição, as pesquisas refletem um cenário polarizado, sem uma vantagem clara para nenhum dos candidatos.

Segundo o consolidado de pesquisas nacionais realizado pela plataforma “RealClear Polling”, Kamala e Trump estão empatados na maioria das pesquisas, com uma leve vantagem de Trump, que registra 48,4% dos votos contra 48,1% de Kamala.

Eleição americana — Foto: Arte/Valor

Antes da votação de 5 de novembro, aqui está tudo o que você precisa saber sobre os candidatos, suas plataformas e aliados, e as engrenagens que impulsionam o sistema eleitoral dos EUA.

Nos EUA, os dois principais partidos — o Partido Democrata e Partido Republicano — selecionam seus candidatos presidenciais por meio de primárias e caucus, que são uma série de eleições estaduais realizadas no início do ano. Nesses eventos, os eleitores votam em seus candidatos preferidos, e os resultados determinam a quantidade de delegados que cada candidato recebe de cada Estado.

Neste ano, o ex-presidente Donald Trump ganhou o apoio do Partido Republicano com uma vitória massiva sobre os outros candidatos republicanos. Ele oficializou sua candidatura durante a convenção do partido em Milwaukee, em Wisconsin, em julho, onde também nomeou o senador de Ohio J.D. Vance com seu vice na chapa.

Já no Partido Democrata, o processo sofreu algumas reviravoltas. Inicialmente, o presidente Biden havia vencido as primárias com folga, mas desistiu da eleição antes da oficialização do seu nome na convenção, após seu desempenho considerado desastroso no debate antecipado contra Trump.

Com isso, Kamala emergiu como a principal candidata, conquistando em 24h o apoio necessário para ser a indicada do partido. Sua candidatura renovou os ânimos da base democrata, recebendo o valor recorde de doações de US$ 81 milhões em um único dia para sua campanha.

Seu nome foi oficializado junto com o governador de Minnesota, Tim Walz, como candidato a vice-presidente, na convenção democrata, em Chicago, no Estado de Illinois.

Desde que lançou sua campanha em julho, Kamala apagou a liderança de Trump em cima de Biden nas pesquisas de intenção de voto, garantindo o apoio de vários sindicatos e celebridades do país.

Filha de acadêmicos indianos e jamaicanos, a vice-presidente nasceu em Oakland, na Califórnia. Ela frequentou a universidade historicamente negra Howard University e depois estudou direito na Universidade da Califórnia, em São Francisco.

Uma pioneira política, Kamala lançou sua carreira como procuradora, se tornando a primeira mulher procuradora-geral da Califórnia em 2011. Em 2016, foi eleita para o Senado dos EUA, onde adotou posições duras contra Trump e bandeiras que envolvem a reforma da polícia, mas também acenou ao centro, com propostas de corte de impostos da classe média.

Com a eleição de Biden em 2020, ela se tornou a primeira mulher e pessoa negra a assumir o cargo de vice-presidente.

Enquanto isso, Trump tem forte apoio de sua base de eleitores do movimento “Make America Great Again” (MAGA) e por levantar fortes bandeiras em questões como a imigração e economia. Além disso, a campanha do ex-presidente conta com o apoio financeiro de figuras como Elon Musk e Bill Ackman.

Com um patrimônio líquido de US$ 6,6 bilhões, segundo a revista “Forbes”, Trump se tornou um dos magnatas mais conhecidos dos EUA ao assumir o comando dos negócios da sua família em 1971, renomeando a empresa familiar de “Trump Organization”.

Além de empresário, apresentou e produziu o reality show The Apprentice (O Aprendiz, em português), de 2004 até 2016. Nesse mesmo ano, ele lançou sua carreira política ao concorrer à presidência, em que venceu a disputa contra a democrata Hillary Clinton.

Agora, Trump está concorrendo para retomar o cargo que perdeu em 2020 na eleição contra Biden. O republicano, que até hoje nega te sido derrotado no pleito, chegou a ponto de incitar uma multidão de seus apoiadores a atacar o Congresso dos EUA no dia 6 de janeiro de 2021.

Nos últimos meses, Trump foi alvo de inúmeros processos judiciais, incluindo condenações relacionadas à eleição de 2016 e fraude fiscal e assédio sexual. Além disso, sofreu uma tentativa de assassinato durante um comício na Pensilvânia

Há também alguns candidatos independentes concorrendo à presidência, incluindo Cornel West e Jill Stein. No entanto, nenhum comanda mais do que um dígito de apoio nas pesquisas.

Os candidatos dos EUA não publicam manifestos oficiais e, historicamente, cada partido apresenta propostas políticas delineando seus planos gerais para o governo. Durante as convenções partidárias, ambos os lados elaboram uma plataforma, onde descrevem a posição do partido em várias questões, como aborto, imigração e economia.

Os democratas se caracterizam por possuírem uma agenda política mais à esquerda definida em grande parte por propostas inclusivas, de ampliação da rede de bem estar social, direitos civis e papel regulador do Estado na economia. Já os republicanos são o partido político que defende pautas mais pró-negócios, com menos regulação do governo e pautas conservadoras nos costumes.

Neste ano, Kamala tem promovido uma “economia de oportunidades” que dá à população os meios necessários para atingirem autonomia financeira, e foca principalmente nos eleitores da classe média.

Suas políticas econômicas incluem uma proibição de aumentos abusivos nos preços dos alimentos, auxílios para compra de casas e benefícios fiscais para proprietários de pequenas empresas.

Outro ponto principal de sua campanha é a defesa dos direitos reprodutivos das mulheres, prometendo usar o Congresso para garantir acesso nacional ao aborto — um direito garantido federalmente que foi anulado pela Suprema Corte.

Cada vez mais, ela tem focado sua campanha em contrastar com Trump e seu caráter, o que ela descreve como o “extremismo” de sua agenda social e econômica, além de sua negação da eleição de 2020 que perdeu e riscos que a democracia americana corre caso volte ao poder.

Enquanto isso, a plataforma do Partido Republicano para 2024 apresenta um plano de 20 pontos para revitalizar a economia dos EUA e interromper o que chama de “declínio americano”.

Trump apresentou uma agenda econômica populista que afirma proteger os interesses dos americanos da classe trabalhadora e garantir empregos na manufatura nacional, penalizando empresas que deslocam operações para o exterior.

Mais uma vez, o tema da imigração está no centro da sua campanha, com promessas de deportações em massa de imigrantes ilegais e de acabar com “a invasão de imigrantes do governo Biden”.

Principais questões para os eleitores

Economia, inflação, imigração, aborto e política externa estão entre as questões mais importantes para os eleitores nesta eleição.

Segundo a última pesquisa publicada antes do dia da eleição pelo “The New York Times” com o Sienna College, a economia é a principal questão para os eleitores, com Trump apresentando uma vantagem de 7 pontos percentuais sobre Kamala sobre quem poderia administrar melhor o problema.

Os eleitores também disseram que confiavam mais no candidato republicano do que na vice-presidente para lidar com a imigração, por uma margem de 11 pontos.

Por outro lado, Kamala tem uma vantagem de 16 pontos sobre o Sr. Trump sobre qual candidato faria um trabalho melhor na proteção do acesso ao aborto, um tema que tem dividido homens e mulheres nesta eleição.

Nos Estados Unidos, o vencedor na eleição não é o candidato que obtém mais votos no país. Em vez disso, o país possui um sistema eleitoral único para escolher um presidente chamado de colégio eleitoral, um sistema baseado nos Estados.

Por esse sistema, os eleitores escolhem o presidente através do voto indireto. Com isso, no dia da eleição, o eleitor marca na sua cédula o candidato presidencial de sua escolha, mas, na verdade, seu voto vai para uma lista de delegados que se comprometem a apoiar aquele candidato no seu determinado Estado.

Pelo Colégio Eleitoral, existem 538 delegados distribuídos entre os 50 estados, além do Distrito de Colúmbia, onde fica Washington, capital do país. O número de delegados concedidos a cada Estado depende de sua representação no Senado e na Câmara dos Representantes, podendo variar entre 3 e 54 delegados.

Na distribuição de votos, a maioria dos Estados adota uma política de “winner-takes-all” (vencedor leva tudo), onde o candidato que recebe a maioria dos votos populares no Estado ganha todos os votos de delegados do Colégio Eleitoral daquele Estado.

Com isso, para vencer a eleição, um candidato deve vencer Estados suficientes para garantir o voto de pelo menos 270 delegados, independentemente de vencer ou não o voto popular geral do país.

Por exemplo, Trump perdeu no voto popular para Hillary Clinton em 2016, mas venceu no Colégio Eleitoral, em que garantiu o voto de 304 delegados.

A maioria dos delegados que votam no colégio eleitoral — escolhidos durante as eleições primárias — permanece constante ao longo dos anos. Nas últimas eleições, por exemplo, o Texas teve maioria republicana, enquanto Nova York votou mais democrata.

Esses Estados são chamados de “safe states” (ou Estados seguros, na tradução para o português), pois há uma tendência desse histórico se repetir.

Por outro lado, o foco na corrida eleitoral fica em Estados onde qualquer um dos candidatos pode vencer e os votos podem oscilar, conhecidos como Estados-chave.

Dessa forma, o resultado da disputa entre Trump e Kamala neste ano dependerá dos delegados de sete Estados-chave: Pensilvânia, Carolina do Norte, Georgia, Michigan, Wisconsin, Nevada e Arizona.

Desde 1845, as eleições nos EUA são realizadas na primeira terça-feira de novembro. No entanto, os eleitores também têm a opção de votar antecipadamente na maioria dos Estados.

Cada Estado tem seu próprio processo de registro de eleitores, regras e prazos. No entanto, no geral, a maioria dos cidadãos americanos com 18 anos ou mais está qualificada para votar na eleição presidencial.

Há aproximadamente 160 milhões de eleitores registrados, mas nem todos eles votarão, já que o voto nos EUA não é obrigatório. Na eleição de 2020, a participação foi de cerca de 66%, a mais alta em mais de um século.

Quase todos os votos que serão computados na eleição deste ano serão feitos de papel e quase todos serão contados por máquina. Segundo a “Associated Press” (AP), funcionários eleitorais afirmam que sem essas máquinas, contar esses votos manualmente levaria muito mais tempo, custaria muito mais aos contribuintes e resultaria em erros que exigiriam ainda mais tempo e dinheiro para serem corrigidos

Além de escolherem um presidente, os cidadãos dos EUA também elegerão membros do Congresso, que é composto pela Câmara dos Representantes, onde todas as 435 cadeiras estão em disputa, e pelo Senado, onde 34 cadeiras estão sendo disputadas.

Atualmente, o partido republicano controla a Câmara, por uma estreita maioria, enquanto os democratas controlam o Senado. Essas duas Casas aprovam leis e podem atuar como um freio aos planos da Casa Branca se o partido no poder em qualquer uma das câmaras discordar do presidente.

Quando devemos saber os resultados?

À medida que as urnas fecham, os veículos de notícia americanos iniciam a contabilização dos resultados em tempo real. As urnas nos sete Estados-chave que determinarão a corrida presidencial fecharão entre 19h e 22h, horário do leste dos EUA. (Ou seja, 20h e 23h no horário de Brasília).

No entanto, o mundo pode ter que esperar um pouco mais para ouvir um anúncio final, especialmente considerando quão acirrada algumas pesquisas indicaram que a votação será. Por isso, é altamente improvável que um vencedor seja determinado na noite da eleição.

Em 2020, a “Associated Press” (AP) — agência de notícias que normalmente anuncia os resultados — não declarou Biden como o vencedor da eleição presidencial até o dia 7 de novembro, quatro dias após o fechamento das primeiras urnas. E em 2016, levou até a madrugada do dia seguinte à eleição para declarar Trump como o vencedor.

Fonte: Externa

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