Apesar da taxa de 33% de desempregados de longo prazo (pessoas que buscam trabalho há mais de um ano), no universo do total dos desocupados, a utilização do Sistema Nacional de Emprego (Sine), serviço público de intermediação de mão de obra do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), vem caindo ano a ano: do uso de 5,08% das pessoas que procuravam emprego em 2014 passou para 2,55% em 2019 e 1,68% em 2024, segundo média dos dois primeiros trimestres de cada ano.
O estudo Assistência à Busca por Emprego faz parte da série Evidências sobre Políticas de Mercado de Trabalho e Implicações para o Brasil, produzida pela JOI Brasil em coautoria do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e será apresentado nesta quarta-feira 25, em evento em São Paulo.
“A diminuição do uso do Sine está diretamente relacionada ao custo de se procurar emprego”, diz André Mancha, gerente da Iniciativa de Empregos e Oportunidades Brasil, da JOI Brasil.
“Para o trabalhador desempregado sair da sua casa, pagar transporte para se deslocar para uma entrevista [a uma vaga apontada pelo Sine] é um custo importante. Se isso se prolonga, a percepção das pessoas é que o serviço é pouco efetivo: tem um alto custo de deslocamento e não há certeza de que isso será suficiente para se obter um emprego.”
Carlos Henrique Corseuil, diretor de estudos e políticas sociais do Ipea, argumenta que uma reorientação do Sine poderia ser a implementação de algoritmos para tentar melhorar o encaminhamento dos trabalhadores à disposição.
“Na Escócia, pegaram informações não apenas sobre qualificação e ocupações desse trabalhador no passado recente, mas também mapearam competências necessárias para esses empregos. Com isso, abriu-se leque maior de opções para aquela pessoa, com base nas habilidades que podem ser utilizadas em outras funções, e não apenas nos postos que ocupou”, lembra.
O estudo da JOI Brasil conclui que, apesar de seu alcance nacional, o Sine teria de ser mais “eficiente e atraente” tanto para candidatos quanto para empresas.