Questionado sobre câmbio, o diretor de política monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse que seria estranho responder a um processo de valorização do dólar com uma intervenção cambial para tentar conter esse movimento. Galípolo palestrou em evento na Universidade de Brasília (UnB) nesta sexta-feira.
O diretor ressaltou que há um processo na política monetária americana que tem provocado reprecificação dos ativos globais, em especial o fortalecimento do dólar. Galípolo ressaltou que o BC tem critérios claros sobre intervenção e quase sempre correspondentes a uma percepção de disfuncionalidade do mercado. “Para a gente intervir no momento de apreciação do dólar seria provocar uma valorização do real comparativamente aos seus pares.”
Galípolo ainda tratou da autonomia do Banco Central. Segundo o diretor, por vezes a compreensão sobre o que é a autonomia não está clara, “que é uma ideia de que o Banco Central vai fazer o que quiser do jeito que bem entender”. O diretor reiterou que o poder democraticamente eleito estabelece as metas para o BC e a autoridade monetária tem autonomia para operacionalmente decidir as políticas para perseguir e cumprir as metas.
O diretor afirmou que as reuniões feitas nos bancos centrais não são um modelo que “cospe um resultado” e “você faz o que saiu no modelo”. Galípolo explicou que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC é composto por nove pessoas e que existe sempre um julgamento e uma decisão que vai juntar dados de diversos tipos de modelos e considerar outras variáveis.