Os institutos de pesquisa Quaest e Datafolha divulgaram, nesta semana, novas pesquisas de intenção de voto à Prefeitura de São Paulo. A divulgação aconteceu após o videomaker de Pablo Marçal (PRTB) agredir o marqueteiro do candidato e atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), na última segunda-feira (23), no debate do “Grupo Flow”.
Os cenários não tiveram mudanças consideráveis, mesmo após o episódio da agressão, nos dois levantamentos. Na Quaest, Nunes, Guilherme Boulos (Psol) e Marçal continuam tecnicamente empatados na liderança, enquanto no Datafolha o atual prefeito ainda se mantém na liderança em relação ao influenciador, que ainda está em empate técnico com o psolista.
O levantamento da Quaest foi divulgado no dia seguinte à noite da agressão e, por isso, as entrevistas – feitas de 21 a 23 de setembro – não abordaram o ocorrido. Já o Datafolha, publicado na quinta-feira (26), fez as consultas aos eleitores a partir da terça-feira e, assim, abordou o fato violento.
Sérgio Praça, cientista político, avalia que esses episódios de violência nas eleições de São Paulo não têm gerado impacto em quem já tem o voto definido. Isso acontece especialmente em relação a quem já está decidido a votar no influenciador. “Acho que quem vota no Marçal já incorporou tudo de ruim que a candidatura dele tem”, diz Praça.
Um recorte específico do Datafolha, que perguntou a opinião dos eleitores sobre agressões física e verbal entre candidatos, mostra que 77% dos eleitores acreditam que essa escalada dos ataques são prejudiciais para as eleições porque tomam lugar da discussão de propostas. De forma geral, 17% acreditam que esses episódios contribuem para o pleito e para o conhecimento dos candidatos, mas o eleitorado de Marçal são os que menos reconhecem isso como negativo (33%).
Enquanto na Quaest o postulante do PRTB manteve o percentual de intenções de voto, no Datafolha Marçal cresceu dois pontos. Esse aumento está dentro da margem de erro de dois pontos para mais ou para menos e não foi suficiente para ele empatar com o candidato do MDB.
Ricardo Nunes, numericamente à frente nos dois levantamentos, subiu um ponto percentual na pesquisa Quaest – com margem de erro de quatro pontos percentuais – e manteve as intenções de voto no Datafolha. O percentual de eleitores que associam Bolsonaro ao prefeito subiu cinco pontos percentuais (de 44% para 49%) se comparado ao último Datafolha e caiu na mesma proporção para Marçal (19% para 14%).
Dos três candidatos, Nunes é o que tem menor rejeição, segundo as pesquisas. Para Praça, junto da vantagem de ter a máquina pública, esse parece ser o dado mais importante para Nunes se colocar no segundo turno com uma busca por voto útil.
Boulos, que caiu um ponto percentual no Datafolha, não tem conseguido que o eleitorado de Lula se identifique com sua candidatura, segundo o cientista político. Apesar disso, 75% já sabem que ele é padrinho do psolista pelo levantamento.
“Entre Nunes, que é mais moderado, e Boulos, do Psol, que é mais da esquerda do que Lula. Esse é um eleitorado que talvez não se enxergue nas pautas do Boulos”, afirma Praça.
A pouco mais de uma semana do primeiro turno, a pesquisa não estimulada da Quaest — quando o entrevistador não diz os nomes dos candidatos ao eleitor — mostra uma alta taxa de pessoas que ainda não sabem em quem vão votar (46%).
Para Gabriel Guimarães, cientista político pela FGV/CPDOC, essa semana será crucial para a definição dos candidatos pelos eleitores, e isso passa por um apelo de Nunes e Boulos ao voto útil. “Nunes vai ter sucesso ao dizer que votar no Marçal vai representar a vitória de Boulos”, avalia Guimarães sobre o discurso que o prefeito já veiculou em uma propaganda eleitoral nesta sexta-feira (27).
Para os cientistas políticos, no caso de Boulos, isso envolve tentar polarizar com Marçal, com quem teria maiores chances de vitória em um eventual segundo turno. Já para o influenciador, a estratégia seria reforçar a narrativa de ser um candidato antissistema.
* Estagiária sob supervisão de Fernanda Godoy