O Produto Interno Bruto (PIB) per capita avançou 0,67% no primeiro trimestre de 2024, ante o quarto trimestre de 2023, pelas contas da pesquisadora sênior de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) e coordenadora do Boletim Macro Ibre, Silvia Matos. A conta considera a alta de 0,8% do PIB no período, ou 0,78%, descontada do crescimento da população, e estima o PIB per capita em R$ 53.580.
“O ritmo real de crescimento da população deve estar em algum ponto entre os dois. Mas, de qualquer forma, o Censo sinaliza a queda do crescimento populacional, que ocorre não só no Brasil, mas em todo o mundo. O problema é que o Brasil teve uma década perdida em crescimento econômico”, afirma a economista.
A projeção de Matos é de que o PIB per capita encerre o ano de 2024 com alta de 1,56%, pelo novo ritmo de expansão da população, diante de uma projeção do FGV Ibre de expansão de 2% do PIB como um todo. Em 2023, houve alta de 2,44%, o que permitiu que se retomasse o patamar de 2013, que foi o pico da série histórica da pesquisa. Ambas as taxas – de 2023 e a prevista para 2024 – são bem superiores à média anual observada entre os anos de 2013 e 2023, de 0,2%.
“Tivemos um primeiro trimestre de crescimento até relativamente forte da economia brasileira. Começamos o ano com consumo das famílias a todo vapor, mesmo com juros ainda altos. E agropecuária ainda veio bem. No cômputo geral, o resultado é bom. Mas a questão é se esse crescimento se sustenta”, destaca.
O indicador de PIB per capita relaciona a riqueza de um país com o tamanho de sua população e pode ser considerado como uma medida de bem-estar. Funciona, principalmente, para comparar a situação de um país com os demais.
Diante do atual cenário de transição demográfica, com envelhecimento da população e impacto na camada em idade de trabalhar, Matos defende que a expansão da economia precisa ser maior para dar conta dos desafios para o bem-estar. Cada vez mais, o crescimento dependerá de avanço de produtividade.
“A gente deveria estar crescendo em ritmo maior e mais sustentado, até porque tem transição demográfica. Envelhecer sem ficar rico é muito ruim, o país não investiu tanto em educação quanto deveria e investe pouco, principalmente, em pesquisa e desenvolvimento. Apesar de ter melhorado, ainda falta capital humano em áreas estratégicas”, diz.