Os países europeus reforçaram suas defesas em resposta à anexação da península da Crimeia pela Rússia em 2014 e à invasão em grande escala da Ucrânia em 2022, afirmou nesta sexta-feira (8) o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos com sede em Londres. No entanto, o relatório ressalta que ainda há muito a ser feito para que os países da Europa estejam preparados para enfrentar as ameaças da Rússia.
“No entanto, como era de se esperar, após décadas de negligência e falta de investimento, ainda há muito a ser feito, e o progresso tem sido desigual”, acrescenta o documento.
O instituto mencionou que a falta de estabilidade no financiamento público, o que “limita a capacidade da indústria (de defesa) de investir com confiança”, é um dos motivos pelos problemas de defesa do continente.
Indústria da defesa x indústria civil
“Além disso, os obstáculos regulatórios e a aplicação de normas ambientais, sociais e de governança continuarão a atuar como barreiras para o investimento”, afirmou o relatório, acrescentando que a competição com as indústrias civis por matérias-primas e profissionais qualificados dificulta ainda mais a situação da indústria de defesa.
O relatório foi divulgado enquanto os líderes europeus, incluindo o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, reavaliam suas relações transatlânticas em Budapeste, na Hungria, com a esperança de que o segundo mandato de Donald Trump nos Estados Unidos evite os conflitos de seu primeiro governo e mantenha uma postura comum forte sobre a Rússia.
Durante a campanha eleitoral, Trump ameaçou tomar ações que poderiam ter consequências significativas para os países do continente, desde uma guerra comercial com a União Europeia até a retirada dos compromissos da Otan e uma mudança fundamental no apoio à Ucrânia em sua guerra contra Moscou.
O instituto também alertou que muitos exércitos europeus não têm efetivos suficientes. Uma lição aprendida com a guerra na Ucrânia é que “os países precisam de tropas consideráveis para enfrentar e derrotar o ataque inimigo, mas também de forças suficientes para se regenerar após a perda de combatentes”.
“As forças, orçamentos e capacidades industriais de defesa foram reduzidos devido a decisões políticas dos governos. Esses mesmos governos, agora, precisam redescobrir a ‘memória muscular’ da defesa e segurança, garantindo uma atenção e investimento políticos sustentados para enfrentar as novas realidades estratégicas na Europa”, concluiu o centro de estudos.