A campanha eleitoral para as eleições presidenciais no fim do mês na Venezuela foi marcada neste domingo (14) por denúncias da oposição sobre detenções de dirigentes e ativistas políticos.
Segundo ele, entre os detidos estão a proprietária e dois ajudantes do caminhão usados por María Corina Machado e o candidato da oposição, Edmundo González, no sábado para percorrer as ruas de Valência. Acrescentou que os detidos foram apresentados aos tribunais acusados, entre outros delitos, por “supostas lesões a funcionários públicos” e atos de “extorsão”.
Rocha, do Comando Nacional de Campanha de Vente Venezuela, movimento político ao qual Machado pertence, fez um apelo aos membros do Conselho Nacional Eleitoral para que olhem para essa situação, ressaltando que “sob seus ombros recai a responsabilidade” de uma disputa transparente.
“Estamos vendo uma escalada na repressão” não apenas de dirigentes políticos e comandos de campanha, mas de “pessoas por apenas nos fornecerem seus serviços”, afirmou Machado ao final de um ato de campanha na Universidade Central da Venezuela em apoio à candidatura de González.
González, candidato da coalizão opositora, e o presidente Nicolás Maduro, que busca seu terceiro mandato, são os que têm maior probabilidade de vencer em 28 de julho, frente a outros oito postulantes com poucas chances, muitos dos quais representam organizações políticas próximas ao governo, segundo analistas.
Machado, que teve de ser substituída por González devido a uma inabilitação política, classificou a situação como uma violação de “todos os termos de uma disputa justa” e alertou os observadores internacionais sobre a situação.
Gonzalo Himiob, vice-presidente do Foro Penal, uma organização não governamental de defesa dos direitos humanos, disse à Associated Press que alguns dos detidos não puderam contatar os advogados para exercer sua defesa. Segundo o Foro, até 8 de julho havia 287 “presos políticos” relatados.
O Ministério Público não se pronunciou até o momento sobre as últimas detenções denunciadas. No entanto, o procurador-geral, Tarek William Saab, acusou na sexta-feira dois empresários detidos em 10 e 11 de julho, entre eles Ricardo Albacete, de fazerem parte de um ato de “sabotagem contra o sistema elétrico para irritar a população e desestabilizar as eleições presidenciais”.
Mais cedo, durante um ato de campanha diante de centenas de estudantes reunidos na Universidade Central da Venezuela, em Caracas, Machado afirmou que eles fazem parte de “uma geração que nasceu e cresceu na tirania, mas que vai desfrutar a liberdade”.
“Arriscaram suas vidas, perderam companheiros, viram muitos partir e estão aqui de pé e decididos a dar tudo”, destacou.
González, por sua vez, lembrou aos estudantes seu tempo naquela instituição onde se formou como diplomata e questionou a situação precária da universidade.
O encontro foi realizado apesar de um comunicado divulgado horas antes pela reitoria negando a autorização para o ato previsto no local, argumentando a necessidade de preservar a condição de patrimônio mundial da cidade universitária e assegurar as condições de segurança necessárias para o campus.
O campus da chamada Cidade Universitária de Caracas — que abriga mais de 90 edifícios, estádios, caminhos cobertos, grandes praças e obras de artistas renomados como o pintor e litógrafo húngaro Victor Vasarely e o escultor americano Alexander Calder — foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco no ano 2000.
Os professores universitários, sobretudo os mais qualificados, juntaram-se à fuga de cérebros, desiludidos por terem, em sua maioria, rendimentos próximos ao salário mínimo mensal — 4.741 bolívares, equivalentes a US$ 130 dólares — como consequência de orçamentos deficitários.