Oito em cada dez brasileiros pensam em planejar as finanças para o futuro. As ações mais recorrentes pensadas para atingir esse objetivo são poupar ou guardar dinheiro (30%), trabalhar (30%) ou fazer investimentos (22%), sendo a poupança a principal forma de construção dessas reservas. Os dados fazem parte de uma pesquisa realizada pelo Datafolha para a Fenaprevi e foram apresentados nesta manhã em evento do setor. A taxa de 65% dos que pensam com frequência no planejamento é maior do que a observada em 2023.
A preferência por gastar no presente dificulta a criação de uma reserva financeira, tendência que fica mais clara na faixa entre 18 e 44 anos. Há a percepção de que o futuro é incerto e a preferência é pelo consumo imediato.
Reduzir despesas para sobrar dinheiro (45%) e gerar renda suficiente para guardar (42%) são apontados como os principais obstáculos para planejar financeiramente o futuro. Para 35%, gastos não previstos são um desafio.
Entre as escolhas de proteção, há um viés patrimonial, com 48% das pessoas com seguro de carro sem uma apólice de vida. Em 2023 eram 54%.
Entre os principais medos apontados, contudo, estão deixar a família desamparada em caso de falecimento ou doença (21%), não conseguir se sustentar por problemas de saúde (20%), não ter condições de pagar tratamento médico (19%) e perder a moradia (18%). Os dois principais medos tiveram crescimento ao longo dos anos.
Metade dos entrevistados idealizam a aposentadoria até os 60 anos, mas, quando questionados sobre a idade que de fato vão pendurar as chuteiras, apenas 29% acham que tal plano vá se realizar. Uma parcela de 8% acredita que nunca vai se aposentar.
Contar com o INSS como fonte de renda após parar de trabalhar continua com o maior índice na pesquisa de 2024 (37%), embora apresente queda em comparação com 2023.
A maioria dos entrevistados acredita que terá que cortar gastos para se manter com a renda proveniente da aposentadoria do INSS. Um terço deles (31%) acha que vai conseguir manter o modo de vida atual. Na pesquisa qualitativa, os aposentados relatam a necessidade de continuar trabalhando ou depender de outras fontes de renda para manter o padrão de vida, já que a aposentadoria pública, por si só, não é suficiente. A falta de planejamento prévio e o aumento do custo de vida são desafios significativos enfrentados por esse grupo.
Uma fatia de 39,5% dos entrevistados revela contar com algum seguro de pessoas ou previdência privada. Assim como em 2023, seguro funeral é o que tem a maior penetração: 29%. Os outros índices se mantêm estáveis em comparação com os estudos anteriores (2021 e 2023), com 18% em vida, 11% por invalidez e 9% com previdência privada.
A intenção de contratar seguros e previdência fica entre os 63% e 69%. Entre os que têm previdência, 45% contrataram há mais de 5 anos, 39% entre 1 e 5 anos e 16% há menos de um ano. A principal motivação ao contratar um plano de previdência continua sendo garantir uma reserva para o futuro (57%).
Entre aqueles que têm previdência privada, 50% pertencem às classes A e B, 45% são classe C, com alcance de 5,1% nas D e E.
A pesquisa também tangenciou o tema das “bets”. Um quarto (25%) costuma jogar, participar de jogos de azar ou fazer apostas online. Nas discussões dos grupos foi possível constatar que vários participantes reconhecem que loterias, apostas esportivas e bingos, são gastos supérfluos. No entanto, muitos continuam apostando, movidos pela esperança de ganhar e mudar a vida financeira. Há uma dualidade entre a percepção desses jogos como desnecessários e o desejo de obter ganhos rápidos e significativos.
27/11/2024 10:29:44