O que muda com a chegada do BYD King ao Brasil | Empresas

O carro entra no Brasil para competir com sedãs híbridos e a gasolina de outras marcas, como o Corolla, da Toyota, e o Jetta, da Volkswagen.

O Toyota Corolla Altis Prem. 1.8 híbrido, um dos concorrentes diretos do King, está na faixa de R$ 187.790 a R$ 198.890, enquanto o Jetta GLI 350 TSI 2.0 está sendo comercializado por R$ 241.766, de acordo com a tabela Fipe.

A chegada do King no mercado brasileiro pode gerar um risco para o número de vendas do Corolla, com perda de potenciais clientes estimadas em até 25%, na visão de Cássio Pagliarini, estrategista-chefe na Bright Consultoria.

“A Toyota é um ícone do mercado brasileiro, com uma confiabilidade maravilhosa, mas a BYD tem mostrado suas ferramentas muito bem. Com o preço a partir de R$ 175 mil, a Toyota vai sofrer bastante risco. Na minha visão, há uma possibilidade de 20% a 25 % dos clientes do Corolla migrarem para o King”, disse Pagliarini.

Contudo, J. R. Caporal, CEO da Auto Avaliar, acredita que o Corolla não deve ter um reajuste de preços, considerando a tradição e postura da Toyota em relação à oferta e demanda de seus carros, mas outros pares do setor, como o Jetta, da Volks, devem ter seus preços reduzidos.

Segundo ele, o Brasil é um país “órfão de sedãs” e que os consumidores têm apenas o Corolla, o Jetta e outros poucos carros como opções.

“Então o King vem com um espaço no mercado e algumas vantagens em relação ao Corolla e ao Jetta em termos de potência e tecnologia, além de vir um pouco mais barato. Mas o Corolla eu não acho que vai se readequar, até pelas políticas de desconto da Toyota, mas outras marcas, como o Jetta da Volkswagen, provavelmente terão seus preços reduzidos”, disse Caporal.

A expectativa de readequação de preços também está ancorada na experiência registrada durante o lançamento do Dolphin Mini, o qual havia a expectativa de ser o carro elétrico mais barato do país.

O veículo foi especulado na casa dos R$ 90 mil, mas foi lançado por R$ 115.800, levando consumidores a reclamarem do preço. Ainda assim, mesmo com o valor acima do esperado, o Dolphin Mini fez com que alguns de seus concorrentes tivessem seus preços reajustados. De acordo com apuração do “Autoesporte”, o Jac e Caoa Chery baixaram os preços de E-JS1 e iCar, respectivamente, em até R$ 10 mil, colocando seus modelos na faixa dos R$ 140 mil.

O mesmo pode acontecer com o lançamento do King, dizem os especialistas consultados pelo Valor. Especulava-se um preço perto dos R$ 160 mil, mas foi determinado um valor de R$ 175.800, mais perto do preço de alguns de seus pares de mercado. Vale destacar que BYD não havia se pronunciado previamente sobre o preço final em nenhum dos dois lançamentos.

BYD King inova, mas concorrentes estão consolidadas

O sedã combina um motor de 1.5L a gasolina e um motor elétrico capaz de gerar, na versão BYD King GS, 235 cv e 33,1 mkgf de torque máximo. O carro consegue fazer de 0 a 100km/h em 7,3 segundos.

Por contar com um sistema híbrido, o carro funcionará tanto com energia elétrica quanto com gasolina. Quando a bateria estiver totalmente carregada, o veículo torna-se puramente elétrico, chegando até a 120 km de autonomia. Caso a bateria esteja baixa, ele se transforma em um veículo híbrido com consumo de combustível.

De acordo com a BYD, no modelo GS, o consumo de combustível é de 25,6km/L, com um alcance total, com tanque cheio e carga completa, de até 1.200 quilômetros — o suficiente para uma viagem de São Paulo até Brasília.

“Eu nunca dirigi o King, mas, no papel, ele ainda é melhor que o Corolla. O King é um pouco maior, com mais potência e é um híbrido plug-in. A única desvantagem dele é que ele não roda etanol ainda, é apenas gasolina”, disse Pagliarini.

Caporal vai na mesma linha que Pagliarini, afirmando que basta comparar a ficha técnica dos três carros para perceber a superioridade tecnológica do King, mas acrescenta que em termos de consolidação de marca, tanto a Toyota quanto a Volkswagen estão mais firmadas dentro do mercado brasileiro e na confiança do consumidor.

“Toyota e Volkswagen têm uma vantagem em relação a BYD que é a tradição das marcas no Brasil. O Corolla é um dos carros mais vendidos na história do planeta. Em termos de mercado isso pesa, então essa rede estabelecida e a fama de não quebrar nunca gera um equilíbrio com o Corolla. Mas o Jetta, até por não ser híbrido, provavelmente vai se reajustar”, disse Caporal.

A entrada do King e da BYD no Brasil

Na visão dos analistas, a entrada do King no Brasil é algo positivo para o consumidor brasileiro, considerando que o carro trará mais competitividade no mercado automotivo e uma possível redução de preços no setor. Além disso, eles acrescentam que a entrada da BYD no setor de sedãs preencheria um vazio existente.

Como resultado da política mercadológica da empresa, a BYD tem registrado um aumento na dominância no mercado de veículos elétricos no Brasil e no mundo.

Em 2023, de acordo com dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), foram vendidos 17.947 carros da BYD, um crescimento de 6.900% (quase 70 vezes) em comparação com as 260 unidades comercializadas em todo o ano de 2022.

Em apenas 6 meses neste ano, a BYD contabilizou mais de 27 mil unidades emplacadas, número que supera todo o ano de 2023. Dentre os cinco modelos de carros elétricos mais comprados no Brasil em 2023, três são da montadora chinesa, de acordo com dados da ABVE.

Em níveis globais, a BYD superou a Tesla, companhia comandada por Elon Musk, como a maior vendedora de veículos elétricos.

O King será vendido nas cores branco, cinza e preto, com interior preto e cinza, com uma garantia de seis anos sem controle de quilometragem. Já a bateria terá garantia de 8 anos, também sem o limite de quilometragem. Todos esses detalhes poderão ser conferidos no manual do proprietário.

Além disso, o carro contará com outras tecnologias adjacentes. Confira algumas das funcionalidades:

• Carregamento por indução para smartphone;
• Assistência de Partida em Rampa (HHC);
• Controle de Cruzeiro (CC);
• Sistema de Monitoramento de Calibragem de Pneus (TPMS);
• Freio de Estacionamento Eletrônico (EPB);
• Função Autohold (AVH);
• Sensores de estacionamento
• Câmera 360º
• Sistema de Direção Assistida Elétrica (C-EPS);
• Frenagem Inteligente;
• Controle de Tração;
• Controle de Desacelaração do Freio de Estacionamento e Distribuição Eletrônica da Força de Frenagem.