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Ingressar em uma empresa para uma vaga e, na sequência, o escopo mudar é uma situação bastante comum. Nesses casos, sempre lembro as pessoas que cada um é responsável pelo próprio rumo da carreira, não a empresa. Então, pergunte-se: eu tenho um plano de carreira e de desenvolvimento individual? Se não tiver, comece, pelo menos, pelas ideias e reflexões mais relevantes.
Você gosta da área em que foi alocado e tem trabalhado nos últimos anos ou está infeliz nessa nova função? Considerando onde você quer chegar na carreira, quais habilidades técnicas e comportamentais essa oportunidade está te ajudando a desenvolver ou aprimorar? Há necessidade de fluência em outro idioma? Se sim, como está essa capacitação? Será que essa atual experiência, na verdade, te afasta dos seus objetivos profissionais?
Se você avaliar que está feliz na atual posição, recomendo entender os requisitos necessários para a promoção prometida e buscar essa qualificação antes de cobrar um posicionamento do gestor. Digo isso porque nem sempre promover alguém é uma decisão que depende exclusivamente do líder direto. É um movimento influenciado pelo momento do mercado no qual a empresa está inserida, momento estratégico da companhia, caixa da empresa e orçamento projetado para a área, bem como os custos dimensionados para a sua promoção.
Se todos esses fatores forem favoráveis, aí sim entra a opinião e percepção da liderança. Atualmente, vejo que as habilidades técnicas, a qualidade da entrega de resultados e o desempenho individual correspondem a uma parte dessa decisão. Porém, os aspectos comportamentais do profissional e a relação de confiança dele com a liderança direta também são pontos relevantes.
Caso opte pelo caminho da promoção, você precisa ter uma conversa transparente e aberta com o seu líder atual. Se hoje existisse a cadeira mencionada, ele enxergaria que você está apto para essa promoção? Quais aspectos técnicos e comportamentais você precisa desenvolver ou aprimorar para estar elegível a essa futura promoção? É necessário percorrer algum caminho interno antes de chegar nessa posição? Na prática, quais seriam essas etapas? Diante de uma eventual promoção, existe alguém pronto para assumir o seu lugar ou é possível iniciar o preparo de alguém?
Caso você avalie que a atual experiência não está agregando valor e nem te fazendo feliz, o melhor é mesmo insistir na migração para a área para a qual você foi originalmente contratado, vale uma última tentativa de conversa sincera e objetiva com a pessoa responsável pela sua gestão, inclusive negociando prazos para que algo seja feito. Se notar que não existe perspectiva para essa migração, te recomendo buscar uma nova oportunidade no mercado de trabalho, porém, sem descuidar das responsabilidades e entregas da atual função.
Quanto mais tempo você fica longe da área que gostaria de trabalhar, mais distante ficam as chances de migração. E, enquanto busca uma nova oportunidade, pense no quanto a posição atual tem sido importante para te melhorar como pessoa e profissional. Ter essas ideias em mente vai ser importante nas entrevistas de emprego.
Outro ponto a ser ponderado: considerando a atual empresa, ser promovido em uma área que não te interessa, vai te tornar um profissional mais caro e/ou muito especializado, o que vai dificultar ainda mais a sua migração para a posição desejada. O mais estratégico é primeiro buscar uma movimentação lateral para o departamento de interesse e depois batalhar por uma promoção.
Para melhorar a sua tomada de decisão nesse e em outros momentos da carreira, sugiro que você invista no autoconhecimento. É um recurso muito poderoso para você entender não apenas as suas fortalezas como pontos de melhoria, mas também o que te move, o que realmente deseja e porque reage de determinadas formas a pessoas e acontecimentos. Também pode ser útil buscar a ajuda de um mentor para refletir sobre atitudes profissionais e o plano de carreira. Investir em você nunca é tempo perdido. A recompensa virá, seja nessa ou na próxima organização.
Para finalizar, te convido a fazer mais algumas reflexões. O quanto você se identifica com a cultura da empresa atual? O que você gosta e o que desaprova? Tem aspectos que vão existir em qualquer empresa, como por exemplo a cobrança por resultados. Porém, outros que talvez te incomodem, podem ser mais positivos em outras organizações.
Após quatro anos em uma empresa, espera-se que o colaborador tenha cumprido ciclos e que o saldo de aprendizados, experiências e desafios superados seja positivo. Do contrário, pode não fazer muito sentido para a carreira, a vida e o bem-estar permanecer na companhia.
Se você sentir que está estagnado ou que não se identifica com o modo de operação da empresa atual, pode valer muito a pena atualizar o currículo e a página no LinkedIn para ativar o networking e iniciar a busca por novas oportunidades no mercado.
Te desejo sucesso nessa jornada!
Isis Borge é headhunter, diretora executiva da Talenses e sócia do Talenses Group onde atua com recrutamento executivo e lidera a seleção no C-level para energia e indústria.
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Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não a do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.