A semana que começa promete fortes emoções nos mercados financeiros. O evento com maior potencial de mexer com os ativos mundiais é a eleição presidencial nos EUA que acontece nesta terça-feira (5) . Mas por quê?
As pesquisas mostram uma disputa acirrada entre o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris, com desfecho imprevisível. Como o pleito não é definido pelo total geral de votos, e sim pelos colégios eleitorais, o suspense deve ser mantido até o fim da apuração. Os votos são manuais e a contagem costuma ser mais lenta – diferentemente do Brasil onde o voto é eletrônico. E, a depender do resultado, pode haver questionamentos da parte derrotada, atrasando ainda mais o processo. É aí que a volatilidade deve ser ampliada nos mercados.
Nesta segunda-feira, o dólar e os rendimentos dos Treasuries (títulos do Tesouro americano) recuam com o aumento das apostas de uma vitória de Kamala Harris. As últimas pesquisas de opinião mostram um avanço da democrata, mas com Trump ainda à frente Até então, os mercados precificavam que Trump ganharia a eleição, o que vinha fortalecendo a moeda americana.
Também há incertezas se os republicanos ou democratas vão obter maioria no Congresso, independentemente de quem levar a Casa Branca.
Para economistas do Bradesco, wem ambos os casos, seja com Trump ou Kamala, “estamos diante de um momento mais protecionista e continuidade do endividamento público nos EUA, mesmo que haja nuances entre as propostas”. Segundo eles, “é esperada, portanto, uma inflação média mais elevada, com juros também maiores no médio prazo”.
Os economistas acrescentam que, com países desenvolvidos em busca de maior protecionismo e aumentando seu nível de endividamento, há um ambiente muito mais desafiador para os emergentes. “Fluxos de investimentos devem se deslocar para países desenvolvidos, que aumentarão investimentos internos, ao mesmo tempo em que a inflação e os juros nesses países também devem ser maiores, atraindo investidores.”
Outro evento importante da semana é a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) , que, excepcionalmente, será nesta quinta-feira (7), em vez da costumeira quarta-feira, justamente por causa das eleições nos EUA.
A expectativa majoritária é que o BC americano corte os juros em 0,25 ponto percentual, para entre 4,50 e 4,75% ao ano. Mas até o anúncio da decisão os mercados globais devem manter a cautela, com o dólar e os juros em tendência de alta e as bolsas em queda horas antes.
No dia anterior, na quarta-feira (6), o Comitê de Polítca Monetária (Copom) do Banco Central anuncia sua decisão de política monetária. As apostas majoritárias são de alta de 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano, diante da deterioração constante das expectativas de inflação e da dificuldade de a inflação de serviços ceder.
Além disso, a questão fiscal brasileira segue no topo as preocupações dos agentes. Na sexta-feira passada, em meio a um ambiente de cautela global por causa das eleições americanas, a ausência de medidas concretas nesta área fizeram o dólar disparar e atingir o maior patamar desde maio de 2020.
Nesta segunda-feira, com o ambiente externo mais favorável e a expectativa de que o governo anuncie cortes de despesas, os ativos domésticos exibem forte valorização. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta manhã que à tarde haverá uma reunião sobre o tema. “As coisas estão muito adiantadadas do ponto de vista técnico”, afirmou na saída do Palácio do Planalto, após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A conferir as cenas dos próximos capítulos.