Eu gosto de jogar xadrez, mas jogo mal. Fico com preguiça de alterar minha estratégia em função da jogada da outra pessoa. Eu me preocupo mais com meus cavalos do que com o rei. E, enquanto me preocupo em protegê-los, levo xeque pastor, lance que depende mais da ingenuidade de quem não sabe se defender do que da genialidade de quem ataca. O adversário sai com o peão da frente do rei, depois com o bispo, a rainha e tá-dá: o seu rei está morto, em quatro lances. Se eu me empenhasse, e não me encantasse tanto com a rainha deslizando pelo tabuleiro e com o inesperado movimento dos cavalos, enxergaria mais oportunidades para surpreender meus adversários (marido e filhas).
O ano do não só mas também | Isabel Clemente
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