O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, divulgou, na noite de domingo (7), uma lista com o que ele disse serem exigências “não negociáveis” de Israel sobre um acordo de cessar-fogo na guerra contra o Hamas, na Faixa de Gaza. O anúncio pegou todos de surpresa e aconteceu antes da partida da equipe de negociação israelense para novas conversas no Egito e no Catar, nesta semana.
O Hamas havia afirmado, no sábado (6), que estava pronto para discutir um acordo de reféns e o fim da guerra em Gaza, sem um compromisso inicial de Israel com um “cessar-fogo completo e permanente”. Essa declaração marca uma mudança na posição que o Hamas manteve em todas as negociações anteriores desde novembro.
Com isso, a alteração da postura do Hamas em relação a um cessar-fogo faseado e um acordo de troca de reféns no enclave poderia potencialmente abrir caminho para uma pausa nos combates. No entanto, a lista de exigências “não negociáveis” anunciadas ontem por Netanyahu mudou esse cenário.
Entre os principais pontos anunciados pelo premiê, estão uma garantia de que armas não seriam mais contrabandeadas do Egito para Gaza e de que qualquer acordo potencial deve “permitir que Israel volte a lutar até que todos os objetivos da guerra sejam alcançados” – e que não se pode permitir “o retorno de milhares de terroristas armados ao norte da Faixa de Gaza”.
Além disso, reconhecendo o recuo do Hamas em sua demanda por um compromisso inicial de Israel para encerrar a guerra e seu retorno à mesa de negociações, a declaração atribuiu a mudança à “firme posição do primeiro-ministro contra tentativas de interromper a operação terrestre das forças israelenses em Rafah.”
A atitude de Netanyahu não foi bem recebida pelas autoridades de segurança israelenses, que se reuniram neste final de semana para discutir uma próxima etapa das negociações indiretas com o grupo terrorista, que deveria acontecer nesta semana. Dois funcionários não identificados disseram à “Kan News” que ficaram “chocados” com o anúncio e relataram que alguns dos presentes na reunião criticaram o primeiro-ministro pela decisão.
“As negociações devem ser conduzidas a portas fechadas — não em comunicados de imprensa, e definitivamente não no momento anterior ao início de uma reunião para determinar a próxima etapa das conversas”, disseram.
Já outro oficial de segurança não identificado disse ao site de notícias “Ynet” que a declaração de Netanyahu foi “um comportamento inadequado que prejudicará as chances de trazer os reféns de volta para casa.” Um oficial sênior de um dos países mediadores entre Israel e o Hamas também acusou Netanyahu de tentar sabotar o acordo.
“Declarações como a feita pelo primeiro-ministro prejudicam severamente os esforços para manter essa ambiguidade. Não se pode deixar de concluir que estão sendo feitas por motivos puramente políticos”, disse.