A campanha do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, obteve na Justiça Eleitoral liminar que proíbe a campanha do seu adversário, deputado Guilherme Boulos (Psol), de exibir uma vídeo com ataques à atual gestão. A decisão refere-se a uma propaganda exibida nesta sexta-feira (11), primeiro dia da retomada do horário eleitoral em rádio e TV do segundo turno.
A defesa de Nunes exige um direito de resposta, que ainda não foi analisado. O Ministério Público Eleitoral (MPE) e a defesa de Boulos ainda precisam se manifestar no processo. Em caráter liminar, o juiz Rodrigo Marzola Colombini, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, determinou que a campanha do Psol deixe de veicular a propaganda questionada.
Segundo o juiz, a peça incorre em “grave descontextualização e manipulação de informação” porque a reportagem exibida para ilustrar a crítica a Nunes refere-se a ocorrências registradas no Estado, e não apenas na capital.
“Se os requeridos [defesa de Boulos] realmente possuem dados da Secretaria da Segurança Pública em sentido inverso, não poderiam jamais utilizar na propaganda uma reportagem ilustrativa que é específica ao mês de julho e que se refere a dados de todo o Estado e não ao município de São Paulo. Além da grave deturpação de informações, verifico também inequívoco conteúdo injurioso ao autor na utilização da expressão ‘graças à sua incompetência, São Paulo bateu o triste recorde no número de estupros'”, escreve o juiz na decisão.
Se o juiz conceder o direito de resposta, Nunes terá o direito de exibir sua manifestação com tempo igual ao da peça questionada, durante o espaço que seria de Boulos. Nesta sexta-feira, os candidatos que disputam o segundo turno em todo o país voltam a ocupar 20 minutos nas emissoras de rádio e de TV, em dois períodos do dia. Nesta etapa, o tempo é dividido igualmente.
Em nota, a assessoria de Boulos afirmou que a campanha apresentará defesa, mas reitera que dados públicos indicam o aumento da ocorrência de estupros na cidade. “O prefeito Ricardo Nunes é uma das autoridades a serem cobradas pela ausência de políticas de prevenção à violência contra a mulher. Não se trata de um ataque pessoal a Nunes e sim de uma constatação de que falta liderança na gestão da cidade”, diz o texto.
Ao longo da campanha, as assessorias jurídicas de Nunes e Boulos vêm travando uma série de ações com pedidos de direitos de resposta ou de remoção de conteúdo. A campanha de Nunes diz que, somente nesta semana, Boulos já sofreu dez derrotas na Justiça Eleitoral.
A campanha do candidato do Psol, por sua vez, diz que, apenas hoje, teve quatro vitórias contra Nunes e contra seu vice, Mello Araújo (PL), com decisões para retirada de publicações nas redes sociais do prefeito que foram consideradas depreciativas.
