O mundo conseguiu evitar uma contração econômica generalizada, “apesar dos choques dos últimos anos e do período mais prolongado de aperto monetário da história”, afirmou, nesta quarta-feira (9), o subsecretário-geral para Assuntos Econômicos e Sociais da Organização das Nações Unidas (ONU), Li Junhua. Mas a recuperação econômica continua desigual e sustentada por poucas economias desenvolvidas, observou.
“No entanto, sabemos que essa taxa permanece abaixo da média pré-pandemia de 3,2% registrada anteriormente”, disse Junhua, em coletiva de imprensa. “Além disso, a recuperação tem sido desigual, impulsionada, principalmente, por algumas poucas grandes economias.”
Segundo o relatório da ONU, as economias em desenvolvimento terão um crescimento de 4,3% em 2025 e 4,1% em 2024, permanecendo muito abaixo da média de crescimento de 5,2% da década passada (entre 2010 e 2019).
“Em termos comparativos, essa brecha em relação à tendência de crescimento pré-pandemia é maior em países em desenvolvimento do que países desenvolvidos, em outras palavras: mais lento para alcançar”, afirmou, durante a coletiva, Shantanu Mukherjee, diretor da Divisão de Análise Econômica e Políticas do Departamento das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e Sociais (UN DESA, na sigla em inglês).
Para os países desenvolvidos, a ONU projeta um crescimento de 1,6% em 2025 e 1,7% em 2024, pouco menos que a média de crescimento registrada entre 2010 e 2019, de 2%. Esse crescimento é impulsionado, principalmente, por economias como Estados Unidos.
“Diversos fatores estruturais, incluindo os altos níveis de endividamento, o espaço fiscal limitado para investimentos e o baixo crescimento da produtividade, continuam a prejudicar as perspectivas econômicas dos países em desenvolvimento’, destacou Junhua.
Mudanças climáticas e tensões geopolíticas
“As mudanças climáticas e as tensões geopolíticas aumentam o risco potencial de impactos adversos. Esses fatores adicionam riscos adicionais ao desempenho econômico”, completou o subsecretário-geral.
Enquanto isso, apesar de a inflação estar caindo em países em desenvolvimento, ela continua expressivamente alta, estimada para ficar em 6% em 2024 e projetada em 5,1% em 2025. “Isso sinaliza o quão ruim é o custo de vida”, disse Mukherjee.
Afrouxamento monetário não será suficiente, dizem analistas
Nesse cenário, os especialistas da ONU fizeram um apelo por ações multilaterais ousadas para enfrentar as crises interconectadas de dívida, desigualdade e mudança climática. O afrouxamento monetário, por si só, não será suficiente para revitalizar o crescimento global ou reduzir as crescentes desigualdades entre as economias, afirmaram.
“Ações urgentes são necessárias para abordar a assistência de dívida necessária e desafios de sustentabilidade em diversos países”, disse Junhua. “Os desafios que enfrentamos são complexos, mas as soluções estão ao nosso alcance se trabalharmos juntos.”