Se a recompra de R$ 2 bilhões em ações da Multiplan for aprovada em assembleia, em 21 de outubro, o aumento esperado de alavancagem não assusta a empresa, destacaram em teleconferência com investidores, nesta sexta-feira (20), o presidente, Eduardo Peres, e o vice-presidente financeiro, Armando Balteiro.
A Multiplan Participações (MPar), de José Isaac Peres, deve comprar 19% das ações, por R$ 471 milhões, e os 81% restantes podem ser adquiridos pela Multiplan, por R$ 2 bilhões. Apenas os minoritários vão votar.
A alavancagem da companhia medida pela dívida líquida sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), que ficou em 1,4 vez no segundo trimestre, quase dobraria.
Balteiro lembrou que o valor já foi mais alto do que isso em outras oportunidades, como no período de desenvolvimento de cinco novos shoppings, em 2013, e durante a pandemia. Apesar de destacar que quanto mais cedo a empresa puder voltar ao nível atual, melhor, ele disse que a desalavancagem se dará “naturalmente”, pelas margens que a empresa apresenta. No entanto, o processo pode ser acelerado se houver oportunidades de negociar participações minoritárias “a preços atraentes”, segundo ele. “Não por necessidade, mas se julgarmos que é bom negócio”.
O presidente afirmou que não deve haver mudança na distribuição de juros sobre capital próprio da companhia, nem em seus planos de expansão.
Sobre o financiamento dos R$ 2 bilhões para a recompra, o executivo financeiro disse que a Multiplan avalia ofertas, mas que apresentou geração de caixa de R$ 1,4 bilhão em julho, o que já “daria bastante tranquilidade” ao negócio.
Peres negou que a companhia pense em atrair outro acionista de referência, após a saída do OTPP.
Caso a recompra não seja aprovada pelos minoritários, em assembleia, a MPar pode fazer a operação em sua totalidade, com o preço já estipulado, ressaltou Balteiro.
Se aprovada, a recompra deve acontecer em três tranches, no mercado privado, sem circulação em bolsa.
Ao final da teleconferência, Peres lembrou que a direção da empresa sempre é pressionada para divulgar novas aquisições e fusões, mas que essa operação foi “o melhor caminho” para criar valor para todos os envolvidos.
