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Mulher sai no horário de almoço e não volta mais ao trabalho: “Bloqueou todo mundo” | Carreira

Redação
por Redação

Você já pediu demissão de algum emprego? Ou pediu desistiu da nova empresa no primeiro dia de trabalho? Uma publicação na rede social X, antigo Twitter, viralizou depois de um usuário comentar que uma nova colega de trabalho saiu para almoçar e não retornou mais ao emprego, sem dar quaisquer satisfações. Essa conduta, porém, pode trazer impactos negativos para o trabalhador, explicam especialistas ouvidos pelo Valor.

No caso da publicação, o autor explica que a funcionária teria saído sem comunicar ao setor de Recursos Humanos no primeiro dia de trabalho e ainda teria bloqueado os outros funcionários. Em situações como essa, o profissional é demitido por justa causa, o que prejudica a reputação do trabalhador em futuras oportunidades, explica Dani Jesus, diretora de Recursos Humanos na Wieden+Kennedy São Paulo e colunista de Carreira do Valor.

Usuário relata que funcionária bloqueou colegas de trabalho — Foto: Reprodução/X

“Ontem uma mina nova começou no trabalho, aí ela saiu pra almoçar e não voltou mais, tentaram ligar pra ela, mandar mensagem e a mina simplesmente bloqueou todo mundo (sic)”, diz a publicação.

O post já tem mais de 100 mil curtidas. Nos comentários, diversos usuários relataram episódios semelhantes, incluindo alguns que escreveram que, ao chegar no trabalho, a vaga era totalmente diferente da oferecida, ou que após ser destratado por clientes, resolveu abandonar o emprego.

“Juro que eu já fiz isso! Tava todo animado para começar a trabalhar em determinada empresa e… na metade do expediente vi que era furada. Saí para almoçar, bloqueei todos e nunca mais voltei. Fiz e, se for preciso, farei novamente.”, diz um usuário.

De acordo com Paula Esteves, co-CEO da Cia de Talentos, consultoria de atração e seleção de profissionais, o contexto do pedido de demissão precisa ser muito bem explicado para a empresa para que não prejudique a carreira da pessoa, já que é um período muito curto para uma tomada de decisão.

“Ambas as partes fazem um processo de escolha antes de fechar uma vaga, por isso, é necessário ter argumentos plausíveis para não deixar a impressão de imediatismo, falta de compromisso ou imaturidade”, pontua a executiva.

Nessa situação, o papel da empresa é colher provas de que pessoa deixou o traballho, buscando contato com a pessoa ou com alguém do circulo de convivência para, com isso, gerar a rescisão por justa causa alegando abandono de trabalho. Uma conversa com o RH pode amenizar os impactos da decisão.

Dani pontua que “cada um entrega o que tem e, às vezes, a ‘fuga’ é o melhor que a pessoa pode fazer naquele momento”, mas que a conversa é a forma mais madura e elegante de se fazer isso, evitando consequências futuras para a carreira do profissional.

“Uma conversa sincera com o RH da empresa tanto pode ajudar no ajuste do processo de seleção, quanto a própria pessoa em ter as portas abertas com pessoa recrutadora que tem muitos outros contatos com outros RHs”, finaliza.

E quando a carteira não foi assinada?

Beatriz Santos, que trabalha atualmente como assistente administrativa, foi selecionada, anos atrás, para trabalhar na área comercial de uma empresa que oferece empréstimo consignado, mas ao iniciar o expediente, resolveu desistir da vaga. Como ainda era o início do primeiro dia, a profissional explica que o contratante ainda não havia tido acesso à carteira de trabalho dela.

“Quando eu cheguei não me deram treinamento algum e nem explicaram a função. Só disseram: senta atrás dessa menina aqui para ver o que ela faz. Eu fiquei triste, porque parecia que eu tinha sido só jogada lá: ‘faz aí’. Aí eu desisti”, relatou.

A desistência, explica ela, aconteceu similar à da publicação que viralizou: “Na horário do almoço, eu decidi ir embora”.

Desde 2018, porém, a contratação é feita de forma digital, via E-social, e as informações do novo colaborador são registradas pela área de recursos humanos em tempo real. Com o novo sistema, a exigência é que o cadastro desta nova pessoa contratada seja efetuado com 24 horas de antecedência da data de início, explica Dani. Já o registro na CTPS, que também é digital desde 2018, se efetiva em até três dias úteis.

Por isso, desde então, todos os registros vão para a carteira — mesmo caso o funcionário só permaneça um dia. “Esse ajuste no processo de admissão junto ao governo através do E-social é, justamente, para garantir que conste a data real do início da pessoa na empresa. O que evita várias fraudes trabalhistas”, destaca a gerente.

Nos casos em que o funcionário trabalha somente um dia de carteira assinada, terá direito ao pagamento do dia trabalhado, descontados o INSS e a indenização por quebra de contrato, que é calculada em cima do único dia de serviço prestado, explica Marcus Linhares, advogado trabalhista no escritório Nelson Wilians Advogados.

É comum ouvir as pessoas falarem que a carteira ficou “suja”, nos casos de funcionários que trocam muito de trabalho ou passam por situações similares à da publicação, de desistir da vaga com pouco tempo de admissão. Em relação a isso, Dani explica que, com a digitalização desses documentos, tornou-se mais raro a checagem dos registros anteriores e o que tem mais peso no momento da seleção é o currículo, o perfil no LinkedIn e as referências, quando a empresa solicita.

Além disso, ela explica que é o termo é “muito unilateral, onde só o trabalhador fica marcado por declinar num acordo que entendeu — no momento que chegou para trabalhar — que não é pra ele. “É quase cometer um pecado capital voltar atrás e dizer não para uma instituição [empresa]”, diz.

Em alguns casos, a demissão feita precocemente também pode ser justificada pelo candidato, a depender do motivo, o que mitiga os efeitos em novas contratações, explica a co-CEO da Cia de Talentos.

“Com dados e fatos claros pode ser inquestionável o pedido de demissão e até receber o apoio da nova empresa. Se no primeiro dia você tiver certeza que a empresa não é ética, que atua fora da lei ou que as pessoas têm comportamentos inaceitáveis, [esse fatores] podem ser exemplos claros do porque você decidiu não seguir na empresa”, ressalta Paula.

Fonte: Externa

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