O presidente da subsidiária renovável da Acelen, Luiz de Mendonça, afirma que a mudança na presidência da Petrobras não deve interferir nas negociações para que a estatal volte para a refinaria de Mataripe, na Bahia. “Magda Chambriard deve focar no crescimento do refino, na competitividade, acelerar investimentos. Isso não conflita com discussão que já se iniciou da parceria”, disse Mendonça a jornalistas, após participar de seminário do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
Questionado sobre qual vai ser o formato da volta da Petrobras para a antiga Rlam, Mendonça disse que ainda não há um formato, e que essa parte da discussão é cuidada pelo acionista da companhia, o fundo árabe Mubadala. “Nossas equipes participam da entrega dos dados e documentos, mas não vou especular prazos. Não houve qualquer alteração nos trabalhos.”
Na semana passada, o então diretor financeiro da Petrobras, Sergio Caetano Leite, disse, durante teleconferência de resultados – antes da saída dele e de Jean Paul Prates do comando da empresa –, que a companhia tem analisado duas propostas sobre Mataripe: uma é o retorno da estatal à refinaria e a outra é a entrada em um projeto de biorrefino do Mubadala, perto das instalações da própria Rlam. O Mubadala assumiu em 2022 o controle acionário da refinaria, que pertencia à estatal.
Leite disse que a proposta da biorrefinaria do Mubadala é “interessante” para produção de combustível de aviação renovável (SAF, na sigla em inglês), a partir da macaúba: “Existe demanda e o mercado está aquecido para a compra desse combustível. A qualidade do projeto em si está em análise, conta com integração com a refinaria, mas um não é excludente de outro.”
Segundo o presidente da Acelen Renováveis, a empresa tem equipes voltadas para negociar os dois caminhos.
Biorrefinaria em construção
Segundo o presidente da Acelen Renováveis, a empresa solicitou na terça-feira (21) o financiamento de US$ 384 milhões para a área agrícola, de plantação da macaúba, e para construir centro de inovação de tecnologia agrícola. O investimento inteiro do projeto em 10 anos é de US$ 2,7 bilhões, sendo US$ 800 milhões para construção da unidade industrial.
Atualmente, a empresa está montando pacote financeiro e finalizando a parte de engenharia. Até o fim do ano, irá iniciar a primeira fazenda piloto do vegetal.
Mendonça diz que há alguns investidores interessados na biorrefinaria, como a Petrobras , outras empresas de energia e companhias aéreas internacionais. O plano é iniciar a operação da unidade de biorrefino entre 2026 e 2027. A biorrefinaria poderá produzir um bilhão de litros de SAF ou de diesel renovável.