Atual presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União Brasil) cedeu à pressão do MDB – partido do prefeito Ricardo Nunes – e indicou o vereador Ricardo Teixeira, também do União, para disputar a presidência da Casa. A votação está marcada para o dia 1º, mesma data de posse dos vereadores eleitos neste ano, e o nome de Teixeira deve ser confirmado.
Só que as principais lideranças não estavam conseguindo se acertar. Havia concordância sobre a presidência continuar nas mãos do União, mas a base queria um nome – o de Ricardo Teixeira – e Milton Leite, outro. O MDB chegou a cogitar ‘furar’ o acordo e indicar um nome próprio para a disputa se Leite não cedesse.
Nesta quinta-feira, após a indicação de Teixeira, Leite – que também é presidente do diretório municipal do União Brasil – afirmou que a decisão foi tomada por unanimidade em reunião na sede do União. Participaram os vereadores do partido e também o deputado federal e presidente do União no Estado, Alexandre Leite, e o deputado estadual Milton Leite Filho. Os dois são filhos de Milton Leite.
O União terá sete vereadores a partir do ano que vem: dois veteranos, reeleitos ao cargo nas eleições de outubro, e três novatos. Ricardo Teixeira é um dos veteranos e vinha sendo considerado um dos nomes mais bem-vistos na Câmara para a sucessão de Leite. Vereadores ouvidos pelo Valor destacaram, principalmente, a capacidade de dialogar com partidos da base e também de oposição.
Teixeira tem 66 anos, era o preferido do prefeito para a presidência e já esteve no governo municipal. Foi secretário de Mobilidade e Trânsito entre 2021 e 2023 e atuou na implementação da faixa azul – pauta que usou para se reeleger para a Câmara. As pistas exclusivas para motos reduziram o número de acidentes na cidade e, durante a campanha eleitoral, também foram usadas como uma das marcas da gestão de Nunes.
Na Câmara, é considerado pelos demais vereadores como um aliado do atual presidente, mas mais “independente”. Milton Leite é um dos políticos mais influentes da capital paulista. Ele decidiu não se candidatar neste ano e, após quase três décadas, está deixando o cargo de vereador. Mas sem querer abrir mão do poder.
Leite elegeu dois sucessores – Silvão Leite e Silvinho, ambos do União –, que assumirão seus primeiros mandatos no ano que vem. O veterano vinha trabalhando nos bastidores para emplacar Silvão na presidência. Embora o mesmo sobrenome, eles não são parentes. Silvão atuou como chefe de gabinete de Milton Leite.
A falta de experiência no cargo, no entanto, fez com que os demais vereadores resistissem ao nome de Silvão. Daí vieram as pressões. O MDB, maior bancada da base na Câmara junto do União e do PL, insistiu pela indicação de Teixeira e, até ontem, afirmava “não descartar” um nome próprio para a disputa se não houvesse consenso.
Nesta quinta-feira, após a indicação do União, o MDB emitiu uma nota afirmando que “irá acompanhar a indicação, fechando questão no voto ao vereador Ricardo Teixeira”.
*Estagiária sob supervisão de Joice Bacelo