O metrô de Tóquio estreou na seção principal da Bolsa de Valores de Tóquio nesta quarta-feira (horário local, noite de terça no Brasil), por meio de uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês).
Não houve nova captação de capital como parte do IPO. A oferta foi apenas para permitir que o governo federal japonês vendesse metade de sua participação de 53% na operadora de metrô e pagasse a dívida para a reconstrução de partes do país após o desastre do tsunami de 2011.
Os 47% restantes são de propriedade do Governo Metropolitano de Tóquio. O IPO reduziu as participações dos governos central e metropolitano para 50%. Os 50% restantes serão vendidos nos próximos anos.
O IPO é o maior do Japão desde a listagem da SoftBank Corp., operadora de telecomunicações doméstica do SoftBank Group, em 2018, e o maior programa de privatização desde o IPO dos Correios do Japão em 2015.
A listagem foi originalmente planejada para o verão, de acordo com uma reportagem do “Nikkeis Asia”em maio, mas foi aparentemente adiada devido à turbulência do mercado após o aumento da taxa de juros, em 31 de julho, pelo Banco do Japão, o banco central.
Em agosto, ficou decidido que o IPO seria realizado no fim de outubro, antes da eleição presidencial dos Estados Unidos, em 5 de novembro. A data de listagem foi anunciada em 21 de setembro.
Mas a volatilidade do mercado foi retomada depois que Shigeru Ishiba foi eleito o novo primeiro-ministro do Japão, em 1º de outubro. O mercado foi afetado por temores de que o Partido Liberal Democrata (LDP) de Ishiba sofresse um grande revés em uma eleição geral marcada para 27 de outubro.
O metrô de Tóquio foi inaugurado há 104 anos e tornou-se um fornecedor de infraestrutura vital para uma cidade de 14 milhões de habitantes. Isso dá ao metrô o atrativo de ser um pagador de dividendos estável.
“O metrô de Tóquio tem uma base de receita estável que é resiliente aos ciclos econômicos”, diz Yusuke Maeyama, analista do NLI Research Institute. “Sua capacidade de pagar dividendos estáveis será atraente para os investidores, especialmente durante um ciclo econômico de baixa.”
No ano fiscal de 2020, a empresa sofreu um prejuízo devido a um estado de emergência induzido pela covid-19 e uma paralisação nacional. Desde então, no entanto, o retorno dos trabalhadores ao escritório no Japão progrediu ao mesmo tempo em que o turismo receptivo cresceu para níveis que excedem o período pré-pandemia. O tráfego geral de passageiros agora está em 95% dos níveis pré-covid.
Maeyama acredita que o rendimento de dividendos de 3,3% do metrô de Tóquio é bom para uma operadora com uma receita muito estável.
O metrô de Tóquio agora está diversificando suas operações em desenvolvimento imobiliário e varejo, utilizando ativos imobiliários que possui ao longo de suas rotas. A empresa também ostenta uma alta margem de lucro para uma operadora ferroviária.
Para o ano até março de 2025, a empresa está projetando uma margem de lucro operacional de 21,6%, com lucro líquido de 52,3 bilhões de ienes, um aumento de 13% em relação ao ano anterior, e receita de 407,5 bilhões de ienes, alta de 4,7%
“O sentimento do mercado não é favorável para um IPO agora por causa da alta volatilidade do mercado e da incerteza política no Japão e nos Estados Unidos”, disse Maeyama. “Mas para investidores de varejo, especialmente idosos que querem receber pagamentos regulares de dividendos, o metrô de Tóquio parece um investimento atraente.”