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Marisa reduz prejuízo em 64% no 3º trimestre; receita sobe 54,8% em cima de base fraca | Empresas

Redação
por Redação

A rede de vestuário Marisa teve um prejuízo líquido de R$ 71,2 milhões no terceiro trimestre, 64% abaixo da perda de R$ 163 milhões no mesmo período do ano anterior. A receita líquida cresceu 54,8%, para R$ 350 milhões. A margem bruta subiu 4,3 pontos percentuais, para 46,5%.

A alta na receita ocorreu frente a uma base com recuo de quase 50% nas vendas líquidas de julho a setembro de 2023.

O avanço de julho a setembro de 2024, em parte, foi sustentado por um aumento de volume de vendas de 63%, que pode ter sido obtido pela decisão de reduzir preços. O recuo de preços médios foi de 16% no trimestre, passando de quase R$ 54 por peça para R$ 45 no terceiro trimestre.

Com as vendas subindo e o custo dos produtos acelerando menos que as vendas, o lucro bruto avançou e a margem bruta saiu de 42,2% para 46,5% entre o terceiro trimestre de 2023 e de 2024.

Ao mesmo tempo, as despesas operacionais caíram 15,6%, o que favoreceu a margem Ebitda, que mede o lucro antes dos juros, impostos, amortização e depreciação.

Por conta desses efeitos, o que era uma perda operacional de R$ 56 milhões no ano passado (“Ebitda negativo”), se transformou em um Ebitda positivo de R$ 35 milhões de julho a setembro.

Ao mesmo tempo, em termos financeiros, o resultado líquido negativo teve leve alta, de 3%, para R$ 60 milhões — apesar do cenário de queda dos juros na economia —, mas pesou menos frente à receita. O número inclui o efeito de juros sobre arrendamentos (IFRS 16).

Na linha final, com esses impactos somados, o prejuízo líquido diminuiu em quase 64%, para R$ 71,2 milhões.

Na estrutura de capital, a rede fechou setembro com menos caixa versus junho — a soma caiu 47%, para R$ 51,5 milhões, e leve queda em dívida bruta. Com isso, fechou setembro com dívida líquida de R$ 83,7 milhões, 103% superior a junho.

Frente a um ano atrás, quando a rede enfrentava processo de renegociação mais duro nas contas, a dívida era de R$ 450 milhões.

Além da publicação dos números, a empresa ainda informou que está ampliando a atuação nos segmentos masculino e infantil e implementou mudanças na política de preços para fortalecer o foco na classe C.

Este é um dos trabalhos centrais do novo CEO da Marisa, Edson Garcia (ex-Riachuelo e ex-Caedu) no cargo desde abril.

“Passamos por um ‘turnaround’ na gestão anterior, fechando lojas e reposicionando o negócio, e o caminho agora é de retomada, é trazer resultado com uma estratégia comercial correta e disciplina financeira”, disse Garcia.

O executivo não acredita que repetirá taxas nesse nível em termos de ganho de volume e receita, apesar de mencionar que tem tido um quarto trimestre forte. Mas crê que o aumento daqui para a frente virá das ações em andamento.

Ações de marketing foram desenhadas especificamente para o público masculino, após anos sem algo mais estruturado nessa frente. A rede vem ampliando a quantidade de itens para esse consumidor, além do público infantil.

“Cerca de 84% [das pessoas que frequentam nossas lojas] são mulheres. E 70% têm filhos. Elas escolhem as roupas dos filhos e do marido. Houve um equívoco na estratégia, porque achavam que mulheres não compravam para os homens”, disse.

“O infantil cresceu 61% sobre o ano passado e o masculino, 84%”, disse ele, uma taxa que considera relevante, apesar da comparação baixa nesses segmentos em 2023.

Cerca de 12% das vendas da empresa vêm dessas linhas para crianças, e a ideia é elevar o percentual para entre 20% e 25%.

Paralelo a isso, houve início de alterações em loja e nas negociações de coleções com a indústria, com a busca de fornecedores mais competitivos, e que atendam essa gama de novos perfis de clientes.

“Eu falo que o produto de R$ 39 virou R$ 29, mas eu também aumentei a exposição de produtos de preços mais baixos. Nas paredes das lojas, eu tenho a moda da ‘ponta da pirâmide’ [preços mais altos’] e no chão de loja, as mesas com preços muito competitivos”, disse ele.

São 22 “mesas de preços” espalhadas nos pontos (que reúnem coleções mais baratas), inclusive na entrada da loja, onde a rede, até o ano passado, evitava expor produtos dessa forma.

Garcia diz que, quando liderava a Caedu, via o potencial da Marisa na classe C. As lojas da rede onde ele trabalhava ficavam cheias, e ao mesmo tempo, a Marisa tinha “as lojas vazias”.

“A cliente entrava, achava caro e ia embora”. A intenção é que essa percepção de marca competitiva e democrática volte a ganhar força, algo que era bem mais evidente no grupo antes da abertura de capital, em 2007.

Marisa — Foto: Divulgação

Fonte: Externa

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