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Maria da Conceição Tavares defendia maior intervenção do Estado na economia | Brasil

Redação
por Redação

Maria da Conceição Tavares morreu aos 94 anos neste sábado (8). A professora, que formou gerações de importantes economistas brasileiros, defendia uma maior intervenção do Estado na economia para estimular seu crescimento e garantir a justiça social.

Ícone do pensamento desenvolvimentista, a vida da economista foi norteada pela busca da construção de uma democracia tropical, dentro de uma economia desenvolvida e industrializada, nos marcos de um pacto entre o setor produtivo e os trabalhadores.

É a autora da célere frase: “Ninguém come PIB, come alimentos”, que critica a euforia com taxas de Produto Interno Bruto (PIB), taxa Selic e cotação do dólar. Ela defendia que o resultado do PIB não refletia o bem-estar e a qualidade de vida da população.

Um de seus notáveis posicionamentos críticos foi durante a Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), em que criticava o modelo econômico adotado. Neste período, o regime militar promoveu políticas econômicas caracterizadas por uma abordagem mais liberal, com ênfase na privatização, desregulamentação e abertura ao capital estrangeiro.

Ela argumentou que a ênfase excessiva na liberalização econômica e na desregulamentação não estava beneficiando a maioria da população brasileira, especialmente os mais pobres. Em vez disso, ela defendia um papel mais ativo do Estado na promoção do desenvolvimento econômico e na redução das desigualdades sociais.

Em entrevista à revista “Praga”, Maria da Conceição disse que os problemas no Brasil, quando chegou em 1954, “eram a injustiça social, o atraso e a presença do imperialismo”. Quando a economista entrou para o então BNDE (atual BNDES), ela disse ter compreendido, então (em 1958), as dificuldades das tentativas de uma “democracia dos trópicos”.

Era uma crítica feroz do liberalismo e neoliberalismo econômico. Em seu artigo publicado na “Revista Inteligência” em 2021, em meio ao governo Jair Bolsonaro (PL), escreveu:

“Com o neoliberalismo não vamos a lugar algum. Sobretudo porque, repito: historicamente o Brasil nunca deu saltos se não com impulsos do próprio Estado. […] Trata-se de um ajuste feito em cima dos desfavorecidos, da renda do trabalho, da contribuição previdenciária, da mão de obra. O Brasil virou uma economia de rentistas, o que eu mais temia. É necessário fazer uma eutanásia no rentismo, a forma mais eficaz e perversa de concentração de riquezas.”

Fonte: Externa

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