A Califórnia, berço da cultura hot rod e das perseguições policiais televisionadas, está reprimindo uma onda mortal nas ruas. Frequentemente organizados por meio de mídias sociais, esses eventos caóticos — também conhecidos como sideshows — transformaram ruas tranquilas em arenas perigosas onde motoristas correm, giram e “queimam” pneus para multidões animadas.
“Vimos muitas pessoas mortas ou feridas nesses eventos”, disse Newsom em uma declaração esta semana. “Estamos enviando uma mensagem clara a qualquer pessoa que participe ou compareça a um sideshow: penalidades mais severas estão em vigor, incluindo a perda potencial do seu veículo.”
As medidas, que foram aprovadas com apoio do partido Republicano, fornecem à polícia novas ferramentas para combater o problema em um estado onde as corridas de rua são romantizadas há muito tempo — de rebeldes motociclistas a cruzadores lowrider e por meio de franquias como “Velozes e Furiosos”.
Um projeto de lei, patrocinado pela deputada Kate Sanchez, uma republicana que representa partes dos condados de Orange e Riverside no sul da Califórnia, permite que a polícia apreenda veículos que bloqueiam estradas durante os sideshows, mesmo sem prender o motorista. No entanto, uma análise da Assembleia estadual alertou sobre possíveis desafios legais, citando preocupações sobre possíveis violações de proteções de busca e apreensão “irracionais”.
“Espetáculos paralelos e bloqueio de ruas precisam acabar agora”, disse Sanchez em um comunicado. “Nossas comunidades estão fartas da ilegalidade.”
Um aumento nas tomadas das ruas para os sideshows começou durante a pandemia, quando o tráfego estava sem engarrafamento e as rodovias estavam vazias. A Patrulha Rodoviária da Califórnia multou 341 indivíduos por “violação de exibição de velocidade de veículo motorizado” em 2020, um aumento de 70% em relação a 2019. Isso continuou este ano, com vários incidentes virando manchetes.
No fim de semana, duas pessoas foram mortas em homicídios separados conectados a eventos paralelos em Sacramento. Centenas de pessoas se juntaram em um sideshow no sul de Los Angeles em junho, quando mais de 50 participantes saquearam uma loja de autopeças próxima, roubando cerca de US$ 67 mil em mercadorias, de acordo com a Polícia de Los Angeles.
Em abril, uma mulher aparentemente ficou inconsciente enquanto assistia a um Infiniti G37 perder o controle enquanto cortava donuts durante um sideshow no sul de Los Angeles. Pelo menos seis pessoas morreram em 2022 em conexão com os sideshows de Los Angeles, o mesmo ano em que uma nova ponte de US$ 588 milhões foi repetidamente fechada por causa desses eventos e outros tipos de vandalismo.
A polícia está tomando medidas. Em fevereiro, o gabinete do xerife do Condado de San Joaquin se infiltrou em um evento de fim de semana, detendo 150 pessoas e apreendendo 88 carros. A polícia de Oakland prendeu cinco pessoas e recuperou três armas em junho após uma série de shows paralelos que atraíram 300 veículos e 200 espectadores.
A tradição dos sideshows em Oakland remonta à década de 1980, evoluindo uma década depois para eventos mais espetaculares influenciados pela cultura hyphy da cidade, uma gíria local que significa “hiperativo” que foi popularizada pela música Hyphy, do E-40.
“Os shows paralelos originais eram apenas para exibir carros, mas se desenvolveram em eventos maiores sob a cultura hyphy única de Oakland na década de 1990”, de acordo com uma análise de projeto de lei.
O problema vai além da Califórnia
Uma nova lei da Flórida impõe multas pesadas e possíveis suspensões de licença para motoristas envolvidos em acrobacias e aquisições.
No último fim de semana, a polícia da Filadélfia respondeu a 11 incidentes envolvendo até 200 veículos envolvidos em drifting e corridas de arrancada, com multidões soltando fogos de artifício, empunhando um lança-chamas e vandalizando cinco veículos policiais, resultando em ferimentos em um policial.
“É como brincar de enxugar gelo”, disse o vice-comissário da Filadélfia, Mike Cram, durante uma entrevista coletiva. “Eles simplesmente se mudam de um local para outro.”
