Em seu primeiro pronunciamento como ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo (PT-MG) pediu que se garanta a privacidade “das pessoas que foram lesadas” pelo antecessor, Silvio Almeida. Ele foi demitido no cargo na sexta-feira em meio a denúncias de assédio sexual que ele teria cometido contra mais de uma dezena de mulheres, entre elas a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
“Quanto às denúncias, é muito importante que os órgãos responsáveis façam as apurações devidas. E é isso que a gente está aqui encaminhando”, afirmou Macaé, sem citar o nome do ex-ministro. “Eu acho que é preciso garantir o direito das pessoas, dos denunciantes. Também garantir o amplo direito de defesa. E também uma coisa que é muito importante: que a gente garanta a privacidade e o sigilo sobre os fatos, principalmente das pessoas que foram lesadas.”
A ministra afirmou ainda, que Lula lhe deu “total autonomia” para mexer na equipe. A solenidade de posse oficial deverá ocorrer na próxima semana, mas ela afirmou que começa a trabalhar no novo posto nos próximos dias.
A ministra afirmou ter se reunido com secretários da pasta para conhecê-los e que pretende fazer um diagnóstico das “urgências” no ministério.
“São temas que para mim são muito importantes. A minha expectativa é que a gente consiga, da forma mais transparente para todos vocês, mas que a gente possa dar celeridade às prioridades. Para que o ministério funcione e dê respostas à sociedade”, disse. “[São] pautas importantes: enfrentamento à violência sexual contra crianças, a pauta da população de rua, pauta das pessoas idosas. Este ministério tem políticas que são muito importantes.”
Macaé defendeu a recriação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos, medida levada adiante pelo antecessor com foco na identificação de pessoas mortas e desaparecidas durante a ditadura militar.
“Eu acho que todo mundo tem direito à memória e à verdade. E, o nosso país especialmente precisa dar essa resposta porque se a gente não faz isso de uma maneira muito clara e transparente, a gente nunca vai avançar no sentido dos dilemas éticos que a gente tem na sociedade brasileira”, afirmou. “O direito à memória e o direto à verdade é o que fortalece na democracia. eu acho que a gente tem que se empenhar e vamos trabalhar. Não vamos olhar para trás, vamos olhar para a frente.”