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Lula diz que desinteresse das pessoas na CLT tem relação com baixos salários oferecidos no país | Brasil

Redação
por Redação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta terça-feira (14), que o desinteresse dos trabalhadores brasileiros em serem contratados por meio do regime CLT pode ter relação com o baixo salário oferecido na iniciativa privada.

Lula discursou durante cerimônia de lançamento do programa “Pé-de-Meia Licenciaturas”, espécie de bolsa financeira para fomentar o ingresso, a permanência e a conclusão das licenciaturas por estudantes com alto desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A ideia do governo, com o programa, é elevar o número de professores do país, para atender regiões mais carentes nessa área.

A promessa da gestão petista é que os beneficiados receberão, mensalmente, R$ 1.050 durante o período regular de integralização do curso. Desse total, o estudante pode sacar imediatamente R$ 700. Os outros R$ 350 são depositados como poupança e poderão ser sacados após o professor recém-formado ingressar em uma rede pública de ensino em até cinco anos após a conclusão do curso. Ao todo serão 12 mil vagas disponibilizadas em todo o Brasil. Não está claro, entretanto, qual o impacto fiscal da medida como um todo.

Sobre isso, Lula enalteceu o programa e disse que, hoje em dia, a carreira de professor é vista como uma ocupação “de risco”. “Era muito bonito quando professora era motivo de música, mas hoje quem dá aula nas periferias sabe que ser professor é correr risco. É esperar ônibus tarde da noite, é chegar na escola sabendo que muitas crianças nem tomaram café da manhã. E alguns [estudantes] vão jogar sua raiva no professor e na professora. Se a gente não motivar que a profissão de professor seja promissora e que o Estado pode ajudar… é isso que temos que cuidar”, argumentou Lula.

Em seguida, o presidente culpou a “elite do país” pelo quadro ruim na educação pública do Brasil. “Por que tanto menosprezo com a formação do nosso povo, sendo que a elite brasileira sabia que nenhum país iria se desenvolver sem a formação do nosso povo? É a formação do nosso povo que fará nosso país crescer economicamente. Fora disso, seremos um país que nunca será levado em conta. Acho muito estranho que quem esteja falando isso é um cidadão brasileiro que não tem diploma universitário e o que menos frequentou um banco de escola. É exatamente por essa razão que tenho obsessão por educação”, afirmou.

Neste sentido, Lula defendeu que o lançamento do programa não deve ser encarado como “gasto público”. Segundo ele, essa visão perpetua o salário “merreca” que é pago aos professores hoje em dia.

“Muita gente entendeu o Pé-de-Meia como gasto. Eu gostaria que ninguém precisasse dessa ajuda, mas como pode o presidente da República ficar passivo sendo que milhões de meninas e meninos são obrigados a deixar escola para ajudar no orçamento da família. É a expectativa de futuro que faz a gente caminhar e dar os primeiros passos. A gente não quer que os professores sejam os mais desqualificados da prova do Enem, queremos que sejam os melhores. Por isso, precisamos pensar no salário dos professores. Não adianta elogiar professor e pagar uma merreca de salário”, ponderou o presidente.

A cerimônia de lançamento foi realizada no Palácio do Planalto e contou com a presença do ministro da Educação, Camilo Santana, que está coordenando essa iniciativa. “Tem um estudo, presidente, que mostra que o professor é responsável por 65,7% do resultado de aprendizagem no ensino fundamental e por 47% no ensino médio. Então nosso caminho é valorizar os professores”, argumentou Camilo. “O desafio é atrair [estudantes para a carreira docente]. É preciso melhorar essa articulação. Metade [dos ingressos na carreira docente] já desiste do curso durante a licenciatura”, acrescentou o ministro.

A iniciativa consta de um conjunto de ações que está sendo chamado pela gestão petista de “Mais Professores para o Brasil”, que promete beneficiar 2,3 milhões de docentes em todo o país. Na prática, trata-se de um conjunto de ações integradas para promover a valorização e a qualificação dos professores da educação básica, assim como o incentivo à docência.

Neste caso em específico, a bolsa “Mais Professores” dará apoio financeiro para incentivar o ingresso de docentes nas redes públicas de ensino da educação básica e também aumentar a atuação em regiões com carência docente. O participante desse eixo receberá uma bolsa mensal no valor de R$ 2.100, além do salário do magistério, pago pela rede de ensino que está vinculado. Além disso, durante o período da bolsa, o professor cursa uma pós-graduação lato sensu com foco em docência.

De acordo com o Executivo, o programa também permitirá que Estados e municípios utilizem a Prova Nacional Docente (PND), a ser realizada anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em seus processos de seleção de professores. Com isso, professores interessados podem se inscrever diretamente no Inep. “Queremos qualificar e uniformizar a seleção dos professores no Brasil”, explicou o ministro.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Fonte: Externa

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