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Lessa relata oferta para assinar procuração e negar relação com os irmãos Brazão | Política

Redação
por Redação

O ex-policial militar Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco, disse em sua delação premiada que um advogado de Domingos e Chiquinho Brazão, supostos mandantes do crime, pediu que ele assinasse uma procuração na qual dizia que não conhecia os dois irmãos. Parte da delação premiada de Lessa foi tornada pública nesta sexta-feira (7) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ronnie Lessa conheceu Domingos e Chiquinho Brazão em 1999, apresentado por um vizinho do haras que os irmãos mantinham na zona oeste do Rio de Janeiro. Lessa contou que, quando conheceu os dois irmãos, frequentava a casa de um criador de passarinhos chamado Santiago Gordo, amigo do miliciano Edmilson Macalé. Gordo era vizinho do haras dos Brazão. Macalé também participou do assassinato de Marielle e Anderson. O miliciano foi, segundo Lessa, a ponte dele com Domingos e Chiquinho Brazão para a contratação da morte de Marielle. Macalé foi assassinado em 2021.

“Virou uma frequência, o Macalé, passarinheiro nato, eu me aventurava a ter um passarinho ou outro, mas meu negócio era mais beber e jogar sinuca”, disse Lessa aos investigadores. “Nesse ambiente eu conheci os Brazão, os irmãos. Fui apresentado pelo Santiago”, afirmou.

No depoimento, Lessa disse que os irmãos Brazão tentaram fazer com que ele assinasse uma procuração dizendo que não os conhecia e que ambos não tinham relação com o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A sondagem teria ocorrido através de sua esposa, Elaine, quando o criminoso já estava no presídio federal de Mossoró (RN).

“‘Dr. Fernando [advogado] disse que foi procurado por um advogado dos irmãos Brazão, que ele pediu seu nome pra fazer uma procuração pra você assinar e receber ele aqui, pode ser feito?’ Aquilo na verdade me chamou a atenção, ali demonstrava que era um ato de desespero; mas por que isso? Eu não conheço aquela gente… não, ele disse que não é nada demais, ele até adiantou o assunto, não é nada demais; ele quer fazer um documento em que você diga que não conhece os clientes dele e que eles não têm nada a ver com isso; aquilo eu quase cai pra trás; não é uma coisa normal, não é uma coisa comum, é um ato de desespero”, relatou Lessa.

De acordo com ele, àquela altura a procuração já havia sido enviada para um endereço de e-mail destinado aos presos em custódia federal. “Um ato de desespero leva ao erro, levou a evidências, pra que submeter a um negócio desses. Eu desconversei; falei ‘não Elaine, eu nem conheço esses caras; não quero não, não quero; manda tirar essa procuração daqui'”, completou em seu relato.

Lessa disse ainda que o pagamento pela morte de Marielle seria em forma de loteamentos na zona oeste do Rio. Ele confirmou ainda que o então chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, atuou para acobertar os crimes. Segundo Lessa, o policial civil, que também está preso, recebeu pagamento adiantado para agir de forma a atrapalhar as investigações.

Em anotações entregues à Polícia Federal, o ex-policial militar Ronnie Lessa indicou uma lista de pessoas a serem ouvidas como testemunhas e fez sugestões de perguntas para tentar comprovar as informações prestadas em seu acordo de delação premiada, em especial a sua ligação com os irmãos Brazão.

Os irmãos Brazão e Barbosa estão presos preventivamente desde março, acusados de envolvimento com o crime. Eles negam.

Por chamada de vídeo, deputado Chiquinho Brazão fala a deputados da CCJ sobre caso Marielle — Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Fonte: Externa

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