O ministro da Casa Civil, Rui Costa, sugeriu que o consumidor trocasse a laranja por outras frutas, mas o cítrico não foi a fruta que subiu mais nem no ano passado nem neste começo de ano.
E, pela prévia da inflação de janeiro (IPCA-15) divulgada nesta sexta-feira (24), a laranja-baía teve a terceira maior alta entre as 21 frutas monitoradas pelo indicador: 7,01% na comparação mensal. As outras duas variedades de laranja, porém, tiveram queda. A pera recuou 0,28%, e a lima, 3,61%.
A pera é a variedade de laranja que tem maior peso no IPCA, e a baía, a menor. Entre todas as frutas, a banana-prata é a que tem maior influência no cálculo da inflação.
Em janeiro, segundo o IPCA-15, os maiores vilões da inflação entre as frutas foram maracujá (18,94%) e melancia (10,51%). Do lado oposto, as maiores quedas foram de limão (26,03%), abacate (15,09%) e melão (6,25%).
No ano passado, o grupo frutas subiu 12,09%, bem acima da inflação geral (4,83%). E as três variedades de laranja subiram mais que a média. A laranja-lima foi a segunda maior alta (91,03%) entre todas as frutas em 2024, só perdendo para o abacate, que mais que dobrou de preço: 174,70%. A laranja-pera ficou 48,32% mais cara, e a baía, 13,2%.
O maracujá e a melancia, que aparecem como maiores altas no IPCA-15 de janeiro, fecharam 2024 entre os principais recuos de preço. O preço do maracujá caiu 13,36%, e o da melancia, 11,30%. O morango foi a segunda maior queda entre as frutas (12,21%).
O clima e o greening, doença que afeta os pomares, estão entre os principais motivos que explicam a alta dos preços das laranjas. Com a menor produção nacional, o preço sobe. E o greening também tem afetado a produção americana de laranja, especialmente na Flórida, o que tem impacto nos preços internacionais.
Rui Costa deu a entender nesta sexta-feira (24) que o brasileiro pode ter de substituir alimentos mais caros por outros, com preços mais em conta. A afirmação foi feita durante entrevista coletiva na qual o governo anunciou medidas para tentar conter a inflação de alimentos no país, uma das prioridades da gestão petista para 2025.
O exemplo citado pelo ministro foi o caso da laranja, que estaria com valor agregado alto tanto no Brasil quanto no exterior. A menção à fruta foi feita no momento em que o ministro afirmava que o governo estuda baixar as alíquotas de importação para alimentos cujo valor no mercado interno estiver acima do praticado no mercado internacional.
“[Quando] o preço internacional está tão caro como aqui [no Brasil], o que se pode fazer? Mudar a fruta que a gente vai consumir: em vez da laranja, [comer] outra fruta. Então não adianta você baixar a alíquota [para todos] porque não tem produto lá fora para colocar aqui dentro. [Nós] focaremos, evidentemente, no produto que estiver mais barato lá fora”, disse Rui Costa.
A fala aconteceu em um momento em que o governo discute ações para combater a alta de preços de alimentos, que tem prejudicado a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No início desta semana, Lula cobrou de ministro que apresentem — com rapidez — um programa para combater a inflação dos alimentos.