A nova economia está trazendo o desafio de estruturar negócios pioneiros que precisam de apoio para amadurecerem e evoluir. Durante a Semana do Clima de Nova York será lançado o Nature Investment Lab, um laboratório para desenvolver projetos na intersecção da economia com a natureza.
A ideia é fazer com que na COP30 (conferência climática da ONU), em Belém no ano que vem, a iniciativa possa trazer exemplos concretos do que o Brasil pode fazer em projetos na intersecção da economia com a natureza.
É o campo da bioeconomia. São os projetos conhecidos como Soluções Baseadas na Natureza, SbN no jargão climático internacional. Trata-se de um conceito novo, ainda fluido, sem marcos regulatórios e mapeamento claro de riscos.
A iniciativa do laboratório agrupa atores do mercado financeiro como o BNDES, a Bloomberg Philantropies, a coalizão de instituições financeiras internacionais Gfanz, a JGP BB Asset, o Instituto Itaúsa e o Instituto Clima e Sociedade (iCS).
“O Brasil tem um megapotencial de escalar investimentos com soluções baseadas na natureza com bioeconomia, restauração florestal, agricultura regenerativa, por exemplo. Mas são negócios novos e difíceis de estruturar”, diz a economista Maria Netto, diretora-executiva do iCS. “Eu os comparo com as energias renováveis há 20 anos. Uma floresta de restauração, por exemplo, demora sete anos para subir”, cita.
O Nature Investment Lab tem como objetivo superar os principais desafios para expandir o financiamento de projetos SbN, com resultados esperados até a COP30. Há três objetivos: trazer financiadores diversos para que os negócios possam prosperar, conseguir padronizar contratos e metodologias para que possam crescer e fazer propostas de políticas e mudanças regulatórias que facilitem sua estruturação.
“São projetos de estruturação difícil”, reconhece a economista. “A ideia do laboratório é ser muito pragmático”, diz.
“Como uma plataforma colaborativa liderada pelo setor privado, o Lab unirá formuladores de políticas, reguladores, empresas, instituições filantrópicas, desenvolvedores de projetos, instituições financeiras e organizações internacionais”, diz o texto de informação à imprensa. “O Lab criará os marcos regulatórios, jurídicos e transacionais necessários para ampliar os investimentos em SbN.”
Marcelo Furtado, líder de sustentabilidade da Itaúsa, diz que “o mais importante e estratégico desse laboratório é fazer uma convergência das inúmeras iniciativas que existem hoje no Brasil e estão atuando no campo de Soluções Baseadas na Natureza”.
“Tem quem esteja trabalhando com novas fontes de recursos, outros, em reduzir os riscos de transação ou na gestão de risco. Só que as ações e os esforços são fragmentados. A intenção do laboratório é ser uma grande tenda, no qual conseguiremos identificar e aglutinar esses esforços”, continua Furtado.
“Há mais complexidade nos projetos relacionados à natureza. A pergunta é como conseguiremos fazer isso com mais ferramentas digitais e olhando para territórios e não projetos isolados”, explica Furtado. “Queremos trazer ideias para serem implementadas.”
Ele segue: “A intenção é ajudar a economia brasileira a encontrar novas oportunidades de renda e emprego, com soluções para o clima e para as pessoas”.
O lançamento do Nature Investment Lab será sexta-feira (27), durante a Semana do Clima de Nova York.