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Jornada das empresas brasileiras rumo à inovação | Inovação

Redação
por Redação

A capacidade de inovar se tornou a linha divisória entre o sucesso e o declínio em um ambiente marcado por avanços tecnológicos acelerados e uma concorrência global cada vez mais acirrada, com desafios geopolíticos e crises sem precedentes. Para a média das empresas brasileiras, esse cenário é ainda mais complexo, pois, mais que uma adaptação, elas precisam realizar uma verdadeira reinvenção nos negócios para se manterem competitivas.

Desde sua concepção, há dez anos, o prêmio Valor Inovação Brasil tem sido uma plataforma para reconhecer e estimular as práticas mais inovadoras no território brasileiro. As empresas que figuram consistentemente entre as dez mais bem colocadas no ranking entendem que a verdadeira inovação é multifacetada.

Ela abrange desde a implementação de tecnologias de ponta até a formação de equipes diversificadas e a promoção de uma cultura de aprendizado contínuo, que fomentem a criatividade e a disrupção.

Essas empresas estão na vanguarda não apenas porque adotam novas tecnologias, mas também porque integram essas tecnologias a uma estratégia maior, com o objetivo de reformular seu modelo de negócios e criar oportunidades de mercado. Isso envolve uma transformação cultural e estrutural que permeia todos os níveis da organização

A análise dos dados coletados na edição 2024 da pesquisa mostra que 30% das inovações das empresas mais bem colocadas foram classificadas como “arquitetônicas”, em comparação com a média de 2% para todas as respondentes. Esse tipo de inovação implica tanto o desenvolvimento de novas competências internas ou adquiridas por meio de parcerias quanto a formulação de novos modelos de negócios.

É uma abordagem que vai além do mero desenvolvimento de novos produtos ou serviços. Ela reflete uma mudança significativa na maneira como uma empresa opera e se posiciona no mercado. Essa postura é altamente valorizada, uma vez que indica um alto nível de criatividade e visão estratégica, aspectos que são essenciais em ambientes de mercado altamente competitivos e em rápida mudança.

Tais empresas se destacam não apenas por adotarem a inteligência artificial (IA) mais intensamente que a média, mas também por aplicarem essa tecnologia de maneiras inovadoras e complexas.

Em vez de se limitarem à automação básica de tarefas para alavancar a produtividade, elas utilizam a IA para desenvolver soluções que abordam problemas reais de forma sofisticada. Isso inclui a exploração de capacidades preditivas e o uso de análises avançadas para gerar insights que fundamentam a tomada de decisões estratégicas.

Por exemplo, algumas dessas empresas implementam sistemas de IA para prever tendências de mercado, otimizar operações logísticas ou personalizar a experiência do cliente em tempo real, transformando dados em vantagem competitiva.

Outro aspecto que chama a atenção na pesquisa deste ano é que as equipes de inovação das empresas mais bem classificadas se caracterizam por maior diversidade e escolaridade. Esses resultados confirmaram a hipótese de que uma maior variedade de perfis (gênero, raça e idade, por exemplo), experiências e formações acadêmicas enriquece a geração de novas ideias. Avançar no tema da inovação, portanto, também significa cultivar um ambiente corporativo diverso e inclusivo.

De modo geral, no entanto, o estudo revela que as empresas brasileiras ainda enfrentam desafios para alcançar um nível de maturidade de inovação comparável ao de organizações que são referência neste tema em âmbito global. Esse descompasso aponta para uma lacuna importante entre o potencial criativo e econômico do país e o que se vê atualmente no mercado.

As empresas nacionais que participaram da pesquisa deste ano investem significativamente em inovação, com cerca de R$ 85 bilhões dedicados a esse fim, segundo o Valor Inovação Brasil 2024. Houve um recorde no número de empresas que foram qualificadas como elegíveis ao prêmio, com um aumento de 8% em relação ao ano anterior, o que demonstra um compromisso com o crescimento e a melhoria contínua.

Alcançar uma verdadeira maturidade em inovação exige, porém, que as organizações adotem uma abordagem mais integrada e holística. Não basta investir apenas em tecnologia ou apenas em treinamento. A inovação deve ser vista como um ecossistema que inclui múltiplas frentes. Além disso, uma governança forte que priorize abordagens abertas e a colaboração entre setores pode ampliar significativamente o alcance e a eficácia dessas iniciativas. Sistemas de feedback que permitem avaliações rápidas e adaptações das estratégias de inovação são cruciais para manter o dinamismo e a relevância das soluções propostas.

Empresas líderes também mostram que o uso intensivo de ferramentas de avaliação do impacto social e ambiental das inovações não só contribui para uma maior responsabilidade corporativa, como também reforça a própria capacidade de inovação. Cerca de 85% das empresas mais bem colocadas no prêmio utilizam essas ferramentas, em comparação com menos da metade de todas as empresas. Da mesma forma, 53% responderam que usam ferramentas de avaliação do impacto ambiental das inovações, em contraste com 80% das empresas mais bem colocadas no ranking.

No décimo aniversário do prêmio Valor Inovação Brasil, fica evidente que, apesar dos avanços observados, ainda há um longo caminho a ser percorrido. Diante desse cenário, as empresas brasileiras precisam refletir sobre como podem incorporar a inovação de forma mais integral em todos os aspectos de suas atividades. Isso requer investimentos tanto em tecnologia quanto em capital humano, além de uma redefinição da inovação como um elemento central da cultura corporativa — uma filosofia que deve permear todas as camadas da organização, e não apenas um departamento isolado.

Ao fazer isso, essas empresas poderão não apenas acompanhar, mas também definir o ritmo da inovação, estabelecendo novos padrões de excelência e contribuindo ativamente para o desenvolvimento econômico e social do país.

* Jacques Moszkowicz é sócio da Strategy&, consultoria estratégica da PwC Brasil

Fonte: Externa

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