Investigada por suposta participação nos atos golpistas de 8 de janeiro, a suplente Rosana Martinelli (PL-MT) assumiu nesta quarta-feira (12) vaga no Senado, pelo prazo de 120 dias. Martinelli está com o passaporte retido por decisão do ministro Alexandre de Moraes, Supremo Tribunal Federal (STF), o que virou alvo de críticas dela e de parlamentares da oposição. A posse da parlamentar contou com a presença em plenário do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Ex-prefeita de Sinop (MT), Martinelli é a segunda suplente do senador Wellington Fagundes (PL-MT), que está de licença médica até outubro.
“Tive minhas contas bloqueadas e ainda continuo com meu passaporte retido, por isso e porque defendi e continuo defendendo a minha liberdade de expressão. Eu me solidarizo com todos aqueles que tiveram seus direitos violados e espero que esta Casa possa ajudar todos os patriotas que querem, que lutaram pela liberdade, e muitos ainda estão impossibilitados de ter essa liberdade”, discursou Martinelli.
Ela teve o apoio do líder da oposição na Casa, Rogério Marinho (PL-RN), que disse que a parlamentar teve o passaporte retido como uma forma de “violência por emitir uma opinião”.
“Vossa Excelência inclusive chega num momento desafiador para o nosso país, desafiador porque nós estamos nos debruçando numa situação em que a nossa liberdade está em risco e sob ataque, e Vossa Excelência é um exemplo disso (…) Como alguém que ama este país, em um determinado momento da sua história, ousou fazer uma crítica aos poderosos sem a aura ou sem o manto da inviolabilidade de um mandato parlamentar”, afirmou Marinho.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), disse que Martinelli chega ao Senado em um momento em que as Casas estão discutindo “anistia para esses patriotas”.
“A senhora, de verdade, representa aqueles patriotas que estão injustiçados. Alguns tomando 17 anos de cadeia na cabeça porque quebraram uma vidraça. A gente sabe que nunca houve tentativa de golpe, e a senhora é a representação disso. Uma pessoa democrata que buscou o caminho de uma eleição para vir aqui, ao Congresso Nacional, representar tantos milhões de brasileiros, e está sendo investigada por tentativa de golpe ou algo que o valha’, declarou Flávio.
Nesta quarta (11), um apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado Rodrigo Valadares (União-SE), foi designado relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara da proposta que busca anistiar participantes de manifestações com teor golpista, entre elas, a invasão aos prédios dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. O anúncio foi feito pela deputada Caroline de Toni (PL-SC), que comanda o principal colegiado da Câmara.
O texto sugere a anistia aos presos por ilícitos cíveis, eleitorais e declarados inelegíveis desde outubro de 2022, e poderia beneficiar diretamente Bolsonaro, que está inelegível após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Conforme antecipou o Valor em fevereiro, a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) perdeu automaticamente a relatoria do projeto após o Psol não mantê-la como integrante da CCJ em 2024. Isso abriu o caminho para que Caroline escalasse um parlamentar alinhado a Bolsonaro para a missão.