O Banco Central divulgou a Pesquisa de Estabilidade Financeira, realizada trimestralmente junto a instituições do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Segundo o estudo, comparativamente à pesquisa anterior realizada em maio, a avaliação das instituições financeiras (IFs) é que aumentou a relevância dos riscos fiscais.
Os riscos fiscais passaram a ser os mais citados pelas IFs como principal risco, com 41%. Assim, eles passaram os riscos do cenário internacional, que ficaram com 23%. Em terceiro lugar ficaram os riscos com inadimplência e atividade, com 12%.
Segundo a pesquisa, dentro dos riscos fiscais, há “destaque para preocupações com a trajetória da dívida pública e com impactos da política fiscal nos preços de ativos e na política monetária”. Já a preocupação com riscos do cenário internacional caiu, “embora continuem relevantes, com destaque para política monetária e eleições nos EUA e fatores geopolíticos”.
No caso de riscos de inadimplência e atividade, houve nova redução, “em consonância com o desempenho recente da economia”. Assim, a pesquisa afirma que o impacto esperado médio dos riscos diminuiu, refletindo sobretudo a melhora na percepção dos riscos oriundos do cenário internacional, “que tiveram redução no número de citações, probabilidade”.
O impacto médio esperado, em relação ao total de ativos do SFN, bateu um pico de mais de 4% em meados de 2020 e vem caindo desde então, com alguns pequenos sobressaltos. Em agosto ele ficou em torno de 2%. Os principais canais de transmissão de choques no sistema apontados pelas IFs são aumento da aversão ao risco, fuga de capitais e contágio de mercados e IFs.
A pesquisa também traz um índice que mede o grau de confiança das IFs na estabilidade do SFN. Depois de atingir uma mínima de 60% em meados de 2015, ele vem subindo e em agosto ficou em 70%.
O estudo mostra ainda que as instituições financeiras têm percepções mistas sobre a fase atual do ciclo econômico. A maior parte (cerca de 30%), acredita que o ciclo está em uma fase de recuperação. Pouco mais de 25% acham que está em contração, e cerca de 25% citam expansão. Cerca de 10% acreditam que a atividade está no pico (“boom”) e os percentuais que citam recessão e depressão são próximos de zero. Na pesquisa de três meses atrás, cerca de 40% citavam recuperação.
Segundo o estudo, uma parcela dos respondentes que avaliavam que a economia estava em recuperação migrou para fase de “boom”, enquanto outra parcela migrou para fase de contração. “Aumentou a percepção de que o hiato de crédito/PIB está elevado; a percepção de que os graus de alavancagem de empresas e de famílias estão elevados continua predominante, mas a avaliação de tendência de queda no endividamento das famílias ficou mais forte.”