O mercado de eletrônicos, eletrodomésticos e portáteis bateu recorde histórico de vendas semestral no acumulado de janeiro a junho, com 51,5 milhões de unidades vendidas pela indústria, maior nível já registrado pela Eletros, associação dos fabricantes do setor. O levantamento é realizado desde 2012. O volume é 34% acima do mesmo período do ano anterior, quando a venda das fábricas às lojas havia subido 14% — em 2022, houve queda de 16%.
Ao se descontar esses segmentos, ainda há crescimento relevante, mas em menor patamar. A entidade também diz que não há expectativa de manutenção desses patamares de crescimento no segundo semestre.
“O que ajudou nas vendas de janeiro a junho – como os eventos esportivos da Euro Copa e da Copa América, e as altas temperaturas que elevaram a demanda de ar-condicionado – não se repetirá no resto do ano. Temos Olimpíadas em julho e agosto, mas o clima quente deve mudar, então, até estamos contentes com o que entregamos, mas bem cautelosos com o resto do ano”, diz José Jorge do Nascimento Junior, presidente da Eletros. A entidade participa, nessa segunda-feira (15), da abertura da Eletrolar Show, a maior feira do setor.
A linha branca, que inclui refrigeradores, máquinas de lavar roupa e fogões, cresceu 16%, com a venda ao varejo de 7,3 milhões no primeiro semestre. Essa alta não inclui a venda de ar-condicionado. Esse produto cresceu 88% no intervalo, para 2,79 milhões de itens enviados ao comércio.
As vendas da linha marrom, como televisores, áudio e som, avançaram 20%, com 6,3 milhões de itens vendidos pela indústria.
Os portáteis, como “air fryer” e cafeteiras, cresceram 40% no primeiro trimestre de 2024, com 34,1 milhões de unidades entregues ao varejo de janeiro a junho, e têm o apelo de terem preços inferiores à media do setor eletrônico.
Trata-se também de recorde histórico para cada um dos segmentos no semestre, na base de dados coletada pela entidade. A Eletros representa 33 empresas do setor, boa parte delas estrangeiras, como Whirlpool, Electrolux, Samsung e LG.
Os dados gerais e por setor estão acima daqueles apresentados em parte do primeiro semestre pelo varejo de duráveis de redes listadas em bolsa, de empresas como Magazine Luiza e Casas Bahia. De janeiro a março, a venda nas lojas do Magalu subiu 8% e na Casas Bahia, encolheu 11,5%, com efeito de fechamento de pontos. Os dados das redes do segundo trimestre saem nas próximas semanas, o que dará uma melhor noção do semestre.
No recorde de vendas anual do setor foi 2019, com 104,9 milhões de unidades vendidas no acumulado, e para superar isso, seria preciso vender acima do primeiro semestre, o que é um comportamento comum no varejo de duráveis (pelo Natal e Black Friday), mas, para isso, será necessário manter cenário de estímulo à demanda.
Nascimento diz que a melhora em alguns indicadores macroeconômicos podem até ajudar a manter o fôlego — como aumento do emprego após desaceleração da pandemia e a manutenção do controle da inflação pela autoridade monetária, que eleva renda disponível. Porém, ele diz que o fim do ritmo de queda da Selic neste ano, e a alta do dólar, que encarece os produtos importados, além do efeito do clima, pesam contra.
“Aço e alumínio já vêm subindo há um tempo, e também há o peso dos componentes eletrônicos, como semicondutores, e isso tem chegado ao mercado”, afirma. Nos fabricantes e varejistas, o discurso é de recomposição de margens há alguns anos, algo que tornou-se foco maior das empresas, mesmo que isso impacte no volume vendido, o que também impacta na demanda.