A polarização entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), ficou de fora do primeiro horário eleitoral gratuito na televisão no Rio de Janeiro. Os candidatos apoiados pelos líderes políticos fizeram menções discretas a seus padrinhos.
O bolsonarista não aparece no programa de Alexandre Ramagem (PL) e só é mencionado pelo candidato, que diz ter o apoio do ex-presidente. Em seu primeiro programa, o ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) optou por se apresentar aos eleitores e contar a história de sua vida.
Em um formato de monólogo, Ramagem usa os 3 minutos e 28 segundos ao qual tem direito, segundo a Justiça Eleitoral, para falar diretamente com o telespectador. Ele conta ter levado um tiro ao reagir a um assalto quando tinha 20 anos e, abusando de frases de efeito, afirma que o episódio mudou sua vida para sempre.
“São os corruptos que roubam todos nós, o tempo todo, protegidos pelo poder político”, diz Ramagem na propaganda, falando sobre o que chamou de “bandidos de terno”. Ele, depois, completa: “Pago o preço de perseguir esses bandidos até hoje.”
“Sou candidato a prefeito do Rio com o apoio do presidente Bolsonaro”, afirma o candidato, fazendo a única menção ao ex-mandatário em todo o programa.
O candidato bolsonarista também solta uma indireta ao prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), principal adversário na disputa.
“Onde tem malandragem demais tem saúde de menos, educação de menos, segurança de menos”, diz Ramagem, sem mencionar nominalmente Paes. Em outro momento, usa o bordão: “Um Rio diferente não se faz com os mesmos políticos de sempre.”
Já Bolsonaro aparece nas imagens utilizadas na propaganda de Rodrigo Amorim (União Brasil), bolsonarista cuja candidatura tem servido como uma linha auxiliar de Ramagem. O postulante mostrou a cena de quando o ex-presidente levou uma facada durante a campanha presidencial de 2018.
Paes é o candidato na corrida que tem o apoio de Lula, mas o presidente aparece apenas rapidamente na propaganda do aliado. O nome do chefe do Planalto sequer é falado.
“O governo federal voltou a ser parceiro do Rio, e o social voltou a ser prioridade”, diz um narrador do programa do prefeito, no momento em que Lula aparece em poucos frames.
Paes apostou em dois slogans da campanha para o seu primeiro programa: “O trabalho segue, o Rio avança” e “É amor, é trabalho, é mais pelo Rio”. O prefeito ressaltou os feitos realizados pela gestão atual e criticou seu antecessor, afirmando que assumiu a cidade em um momento de crise.
“Não faz muito tempo, o Rio andava triste e abandonado. Rombo bilionário nas contas públicas, Clínicas da Família fechadas, BRT destruído, lembra? Esquece. O amor voltou, o trabalho voltou e o Rio voltou”, diz.
Em outro momento da propaganda, ele afirma: “Quando eu assumi a prefeitura em 2021, a cidade enfrentava enormes dificuldades. A gente arrumou a casa, colocou as contas no azul e o Rio voltou para o caminho do desenvolvimento.”
Tarcísio Motta (Psol) também fez um programa em formato de monólogo e falou de sua trajetória como professor, para defender melhorias na educação.
“Sou professor há 30 anos e sempre ouvi soluções mágicas que, num estalar de dedos, iam salvar a educação. Tudo mentira. Escola precisa de investimento, não de efeitos especiais”, diz.
Por fim, Marcelo Queiroz (PL) manteve a linha de “candidato fofo” da disputa e apostou na pauta animal, sua principal bandeira.
“Chegaram a me aconselhar a não falar do tema, porque agora eu sou candidato a prefeito da nossa cidade. E quer saber? Eu não vou fazer uma campanha fake, eu não vou ser um personagem. O Rio precisa de transparência”, diz.