O Banco Central da Argentina venderá dólares americanos nos mercados paralelos de câmbio do país a partir de segunda-feira. A medida, segundo o ministro da Economia do país, Luis Caputo, será “um aprofundamento do arcabouço monetário.”
Enquanto a taxa oficial do peso é de 919 por dólar devido aos controles cambiais, uma das principais taxas paralelas, o chamado dólar blue, fechou na sexta-feira a 1.405 pesos argentinos por dólar.
Caputo, que está em um evento no estado americano de Idaho junto com Milei, disse que o BC argentino venderá dólares no mercado paralelo, também chamado de CCL (contado con liquidación), para compensar a emissão de pesos pela compra de dólares na taxa de câmbio oficial.
“Se o Banco Central comprar dólares no mercado oficial de câmbio, a emissão equivalente de pesos será anulada pela venda de dólares equivalentes no mercado de contado con liquidación”, escreveu Caputo na rede social X.
Essas medidas também dificultarão ainda mais a capacidade do BC de acumular reservas estrangeiras, necessárias para suspender os controles em algum momento. E devem dificultar também o pagamento de US$ 44 bilhões (cerca de R$ 240 bilhões) ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e retornar aos mercados internacionais de dívida.
Funcionários do governo já projetam que o BC argentino perderá US$ 3 bilhões (cerca de R$ 16,3 bilhões) em reservas no terceiro trimestre. Após reconstruir rapidamente as reservas esgotadas deixadas pelo governo anterior no início do ano, a instituição tem lutado para acumular reservas no mesmo ritmo, já que os exportadores vendem menos no exterior, expressando preocupação de que a moeda esteja muito valorizada.
Em uma entrevista ao canal de notícias do La Nación neste sábado, Milei prometeu continuar lutando contra a inflação enquanto mantém um equilíbrio fiscal:
— Precisamos tirar esses pesos das ruas, e isso vai fazer a diferença cambial cair — disse Milei, referindo-se à intervenção no mercado.
A inflação mensal acelerou levemente em junho pela primeira vez desde que Milei assumiu o cargo, em 10 de dezembro do ano passado. A inflação anual de 272% continua sendo uma das mais altas do mundo e está bem dentro do território de crise.