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Gestores montam posição em títulos de dívida externa do Banrisul após tragédia no RS | Finanças

Redação
por Redação

Duas das maiores gestoras de ativos do Brasil têm puxado a recuperação dos títulos do Banrisul no último mês, confiantes de que o banco resistirá ao impacto das enchentes históricas no sul do país. No entanto, só saberão a precisão dessa aposta daqui a alguns meses.

É uma aposta arriscada. Chuvas torrenciais submergiram cerca de 80% do Estado, que abriga 11 milhões de pessoas e representa cerca de 53% da exposição de risco do Banrisul. A Fitch Ratings, que colocou o rating do Banrisul em observação negativa, destacou que a inundação danificou estradas, infraestrutura, distribuição de energia e logística. Mas a JGP e a Ibiuna permanecem confiantes na estabilidade financeira do banco.

O Banrisul é um dos poucos bons riscos-retornos que temos no Brasil e um dos poucos que vemos na América Latina, disse em entrevista Eduardo Alhadeff, sócio e gestor da Ibiuna. O banco possui um balanço com “gordura” que deve ser capaz de absorver o aumento esperado de calotes, afirmou.

Os preços dos títulos se recuperaram de forma significativa do colapso que se seguiu às enchentes. Notas em dólar com vencimento em 2031 eram negociadas a 94 centavos de dólar, perto dos níveis anteriores às inundações. Um porta-voz do banco não comentou.

Antes do desastre, a Ibiuna detinha letras financeiras em moeda local do Banrisul, de acordo com Alhadeff. A gestora então vendeu essa dívida após as enchentes e montou uma nova posição com títulos do banco em dólar.

A JGP também tinha uma “pequena exposição” às letras financeiras do Banrisul antes das inundações. Manteve esses títulos e passou a comprar notas em dólar quando os preços caíram, de acordo com Alexandre Muller, gestor de crédito da JGP.

“Está difícil encontrar esses pockets de valor” na América Latina, disse Muller, acrescentando que, neste ano, só montou novas posições no Banrisul e em títulos offshore da mineradora de zinco peruana Volcan. “São nesses deslocamentos que tentamos arbitrar.”

As enchentes no Rio Grande do Sul causaram enormes prejuízos em segmentos como o bancário, automotivo, seguros e ao poderoso setor agrícola.

A vulnerabilidade do Banrisul na região supera a de qualquer outro banco, com uma exposição de risco de cerca de 53%, em comparação com 12% e 7,2% de seus rivais Banco do Brasil e Itaú Unibanco, respectivamente, de acordo com o Banco Bradesco BBI.

A carteira de crédito do Banrisul totalizava R$ 53,9 bilhões em março, segundo documentos da empresa.

Jean Lopes, analista da Fitch Ratings, disse que a agência colocou a dívida do banco em observação negativa porque há uma visibilidade limitada sobre o impacto de longo prazo da catástrofe.

“Adiamentos e linhas de crédito emergenciais para empresários são importantes, mas com os adiamentos que os bancos estão concedendo, só poderemos ver o impacto total em três ou quatro meses”, explicou.

Nesse sentido, Alhadeff disse que a Ibiuna conduziu vários testes de estresse no Banrisul antes de comprar os títulos. A empresa submeteu o banco a um choque hipotético três vezes maior do que o ocorrido durante a pandemia de covid-19. Mesmo nesse cenário, o balanço patrimonial do banco conseguiu fazer provisões para empréstimos duvidosos, disse.

“A gente não consegue precisar quanto vai ser a provisão para devedores duvidosos, mas a chance é muito remota de ser muito maior do que calculamos em nosso pior cenário, disse Alhadeff. “Sim, deve aumentar, mas tem gordura muito grande para absorver a piora do PDD (provisão para devedores duvidosos).”

Fonte: Externa

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