A proporção de endividados inadimplentes sem condição de quitar suas dívidas registrou, ao término de 2024, patamar recorde na ótica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Além disso, a fatia de inadimplentes totais, no estudo, ficou em 29,3% em dezembro de 2024, acima de igual mês em 2023 (28,8%). No entanto, se posicionou abaixo de novembro de 2024 (29,4%).
Por outro lado, a CNC apurou diminuição na fatia dos que se declararam endividados – de 77% em novembro de 2024 para 76,7% em dezembro do ano passado. Essa parcela também ficou abaixo de dezembro de 2023 (77,6%).
Outro ponto positivo é que a Peic apurou, em dezembro de 2024, parcela de renda mensal comprometida com dívidas sem subir, em 29,8%, em dezembro do ano passado. Essa fatia foi igual a de novembro de 2024; e menor do que a de dezembro de 2023 (30,3%).
Em comunicado sobre a pesquisa, a CNC informou que a redução de ritmo de endividamento, detectada na pesquisa, pode ser atribuída à maior cautela dos brasileiros em tomar novos empréstimos. Essa cautela elevada se insere em contexto macroeconômico com taxa básica de juros (selic) em alta, notou na organização, o que torna crédito mais caro.
Mas a organização frisou ser importante acompanhar trajetória de endividados que não quitam obrigações em dia. No caso do avanço da inadimplência, também mapeado pelo estudo, foram as famílias de menor poder aquisitivo, com pouca margem de manobra em seu orçamento, o principal motor para elevações de parcelas sobre esse dado na Peic, segundo o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
“A inadimplência é um reflexo do impacto desproporcional desses fatores sobre as famílias de baixa renda, que enfrentam juros elevados e renda limitada para absorver o aumento dos preços”, disse ele em comunicado sobre o estudo. “É fundamental promover um ambiente econômico estável e políticas que ampliem a capacidade de consumo“, completou.
Assim, no entendimento da CNC, a Peic reforça necessidade, em 2025, de se acompanhar com cautela a evolução da inadimplência. O Brasil possui renda per capita baixa e os juros cobrados ao consumidor são elevados, pontuou a organização no informe. No entendimento da confederação, a conjuntura econômica instável, marcada por juros altos e inflação persistente exige atenção para a gestão das finanças pessoais, conforme descrito pela entidade em comunicado sobre a Peic.