O Reunião Nacional (RN), partido de extrema direita que saiu como grande vencedor do primeiro turno da eleição legislativa francesa de uma semana atrás, deve se consolidar na segunda votação deste domingo como a maior bancada do Parlamento da França. Mas, segundo pesquisas, não deve conquistar mais de 50% das cadeiras necessárias para que possa formar um governo sem aliar-se com outras forças.
Embora tenha declarado, antes das eleições, que não tentaria liderar um governo se não pudesse fazê-lo sem alianças com os demais partidos, a líder do RN, Marine Le Pen, mudou de ideia. Na última semana, disse que poderia aceitar acordos com movimentos afins para viabilizar a chegada do RN à chefia do governo — no caso, com a estrela da extrema direita, Jordan Bardella.
No primeiro turno, o RN obteve 33% dos votos, seguido pela Nova Frente Popular (NFP), com 28% e do Juntos — a aliança de centro do presidente francês, Emmanuel Macron —, com 21%.
Diante do avanço do RN, grupos de centro e de esquerda lançara uma estratégia relativamente comum na França para bloquear a extrema direita. Esse bloqueio consiste em não dividir o eleitorado de partidos que se opõem ao RN nos distritos onde três candidatos passam ao segundo turno — com a retirada do candidato com menos chance. Segundo o portal “France24”, mais de 210 candidatos de centro e da NFE deixaram a disputa durante a última semana.
O bloqueio deve impedir que o RN consiga os 289 — do total de 577 — assentos para governar sozinho. Pesquisas indicam que o RN deve conquistar entre 190 e 215 vagas, que seriam insuficientes até mesmo para a formação de um governo de minoria com o partido de direita Republicanos, que deve obter cerca de 40 assentos.
Em entrevista na “Cnews”, Le Pen motivou na sexta-feira os eleitores do RN a irem às urna no domingo, afirmando que o partido ainda tem uma “séria chance” de obter maioria absoluta, apesar das pesquisas indicarem que não. “Temos uma séria chance de obter uma maioria absoluta na Assembleia Nacional”, disse ela, completando que as pesquisas eleitoria não são uma ciência exata.
Enquanto isso, o premiê francês, Gabriel Attal, afirmou ao “TF1” que o programa político do RN levaria à violência e representa uma catástrofe para a economia do país.
As tensões estão altas à medida que os partidos da extrema esquerda e centro tentam impedir que o RN ganhe uma maioria legislativa absoluta, o que permitiria a formação do primeiro governo de extrema direita da França desde a ocupação nazista na 2.ª Guerra.
Macron — que dissolveu o Legislativo e convocou estas eleições antecipadas após a vitória arrasadora do RN nas eleições europeias de 9 de junho — deve continuar na presidência da França té o fim de seu mandato, em 2027, qualquer que seja o resultado do segundo turno. Mas sai enfraquecido da manobra para antecipar as eleições.
Se o RN conseguir formar um governo, Macron terá de enfrentar um governo de coabitação — no qual o presidente da república e o primeiro-ministro são de partidos diferentes. Se não, terá de ceder poder em uma eventual coalizão com NFP.
Segundo o ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, as últimas semanas de campanha foram marcadas por ataques e violência, com registros de 51 ataques verbais e físicos contra candidatos, seus deputados ou seus apoiadores. Vários ataques foram “extremamente graves”, afirmou Darmanin em entrevista à emissora francesa “BFM”.
Darmanin disse que 30 mil policiais serão mobilizados no domingo, incluindo 5 mil na região de Paris, para garantir que os resultados da eleição “sejam respeitados, sejam quais forem”. Ele afirmou também que manifestações fora da Assembleia Nacional foram proibidas.
Muitas pessoas expressaram preocupações de que o aumento do apoio ao RN, que é contrário à imigração, tenha feito com que as pessoas se sintam mais à vontade para usar linguagem racista, xenófoba e antissemita em público.