O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, disse nesta sexta-feira (15) que é preciso “respeitar os processos” ao comentar o efeito da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos sobre os resultados do G20, presidido pelo Brasil até 1º de dezembro.
Segundo Amorim, é preciso “ver como as coisas evoluem” com Trump. “Primeiro tem que respeitar todos os processos. Tem que respeitar os processos de todos os países. Vamos ver como as coisas evoluem”, afirmou a jornalistas após participar de uma plenária do G20 Social, na zona portuária do Rio.
Amorim reiterou que “não julga nomes, mas ações” e que é preciso aguardar o resultado desses atos para tecer comentários sobre a nova administração do republicano, que governou os Estados Unidos de 2017 a 2021.
Para o ex-chanceler de Lula, resultados são mais importantes para a política do que as motivações pessoais. Por isso, ele espera que o novo presidente americano mantenha cooperação com o Brasil apesar de seus interesses. “Vamos esperar que mesmo na busca do seu interesse de America great, o presidente Trump também ajude”, afirmou o ex-ministro em referência ao slogan trumpista.
O ex-embaixador também disse ter ficado “contente” com o encontro entre o bilionário Elon Musk, aliado próximo de Trump, e o embaixador do Irã nas Nações Unidas (ONU), Amir Saeid Iravani. A reunião aconteceu na segunda-feira (11), segundo o New York Times.
“Os cargos não estão claramente definidos, mas de qualquer maneira eu fiquei contente de ver o Elon Musk conversar com o embaixador do Irã. Eu acho que é a conversa e o diálogo que podem trazer paz no mundo e não as reafirmações de princípios individuais”, afirmou o ex-embaixador.
O secretário especial de Lula destacou a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, que será lançada na abertura da cúpula de chefes de Estado do G20, o ponto central da presidência brasileira do grupo de 19 países mais União Europeia e Africana.
Amorim também espera que o fórum apresente progressos nas discussões sobre reforma da governança global e sustentabilidade. Ele ressaltou, porém, que a agenda é parte de um processo contínuo.
“Não é um campeonato que acabou. É um processo que vai ter que continuar. A introdução de temas sociais é muito importante e, principalmente, essa abertura para a sociedade civil que possa, de fato, influenciar os governos na tomada de decisões”, afirmou.
Amorim foi tratado como uma celebridade pelo público que acompanhou a plenária sobre reforma da governança global no G20 Social. Ele recebeu cumprimentos e posou para várias ‘selfies’ com representantes de movimentos sociais e petroleiros.
A mesa terminou com um momento que não estava programado: a advogada ucraniana Oleksandra Matviichuk, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 2022, e o russo Dmitry Stasyulis, sherpa da Rússia no C20, foram convidados para fazer comentários sobre o contexto geopolítico atual.
A ucraniana e o russo se cumprimentaram e posaram para foto oficial ao lado de Amorim. [O que eu espero] é que aconteça o que aconteceu agora: que a representante da Ucrânia desse a mão para o representante da Rússia”, afirmou o ex-chanceler brasileiro.