A qualidade de vida no trabalho, ou QVT, é um dos aspectos considerados na hora de escolher um novo emprego. As empresas, por sua vez, tem autonomia para definir as políticas que visem o bem-estar do colaborador.
Alex Corrêa, gerente de Recursos Humanos da Randstad Brasil, explica que, ao tratar da qualidade de vida no trabalho, estamos falando de “um conjunto de iniciativas e práticas destinadas a promover o bem-estar dos colaboradores, buscando um equilíbrio harmonioso entre as demandas profissionais e o bem-estar pessoal”.
Tais medidas podem ser implementadas dento e fora do ambiente corporativo de diferentes formas pela organização, destaca Corrêa. O especialista lembra que algumas delas já disponibilizam:
- Convênios e parcerias para oferecer descontos em atividades físicas, culturais e de lazer, como ginástica laboral e desconto em academias;
- Palestras e workshops sobre saúde: temas como nutrição, gestão do estresse, sono e saúde mental;
- Sala de descompressão para descanso;
- Programas ou benefícios para acompanhamento psicológico;
- Licença maternidade/paternidade estendida;
- Possibilidade de trabalho remoto;
- Horário flexível para que os colaboradores possam conciliar o trabalho com a vida pessoal.
Google, Meta e Uber, já têm histórico de oferecer “salas de soneca” aos contratados, por exemplo. A estratégia surge em meio a estudos que afirmam que a produtividade dos trabalhadores pode melhorar caso os cochilos sejam permitidos durante o expediente.
O aumento da produtividade como um fruto das políticas de bem-estar é ressaltada pelo gerente da Randstad Brasil. “Colaboradores que se sentem valorizados e bem cuidados tendem a ser mais produtivos. Além disso, são menos propensos a faltar ou a buscar novas oportunidades quando estão satisfeitos com seu ambiente de trabalho”.
Atenção às demandas do colaborador
Antes de implementar uma política de bem-estar, Paulo Sardinha, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), avalia que é importante que a empresa ouça as demandas de seus funcionários.
“É importante que o empregador atenda o que é importante do ponto de vista do empregado. Algumas fazem sala de descanso. Outras permitem levar animais de estimação. Então, a qualidade de vida pode ser percebida de diferentes maneiras dependendo da instituição em que a pessoa atua,” observa.
Uma pesquisa obtida pelo Valor em 2023 listou os melhores e piores setores para trabalhar quando considerada a qualidade de vida. De acordo com o levantamento, o setor de alimentos e bebidas lidera o ranking no quesito bem-estar. Por outro lado, o de serviços e eventos alcançou os piores índices.
Nesse sentido, Sardinha aponta que uma qualidade de vida satisfatória no ambiente corporativo também podem estar ligada com o mercado em que ele atua.
Os benefícios usualmente oferecidos pelos contratos regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) — tais como Vale-Transporte, Vale-Refeição e Alimentação — não são encarados como agregadores à QVT, observa Sardinha. “A empresa está fazendo porque é um respeito à legislação [no caso do Vale-Transporte] ou para ser competitiva com algo que o mercado todo pratica”.
*Estagiária sob supervisão de Diogo Max