Em encontro com os partidos da base aliada no Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu nessa segunda-feira (26) agilizar o pagamento das emendas parlamentares ao Orçamento para obras que já estão em execução e não interferir na eleição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Segundo relatos, o petista afirmou que tem “ótima relação” com os atuais presidentes do Legislativo e que “seu candidato” será aquele que tiver o apoio da maioria dos colegas para presidir a Casa.
A fala ocorreu em reunião marcada para melhorar a relação com a base aliada e na presença de três pré-candidatos: os líderes do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), do PSD, Antonio Brito (BA), e do MDB, Isnaldo Bulhões (AL). Os três elogiaram a postura do presidente e buscaram apresentar no encontro suas credenciais para a disputa.
Líder do Rede Sustentabilidade, o deputado Túlio Gadelha (PE) afirmou que o presidente “não vai cometer os erros” do passado — de interferir na eleição e ver seu candidato derrotado. “Ele [Lula] tem muita segurança sobre a sucessão, tem muito respeito pelas candidaturas que se colocam. E espera, com isso, que se construa uma disputa harmoniosa, que a gente consiga discutir os consensos, que a gente consiga não desarrumar essa base que ele construiu e que tem dado resultado”, disse.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), pontuou que procurará o vencedor para que se encontrem logo depois do resultado para discutir “a parceria e o respeito institucional entre o Executivo e o Legislativo”. “Lula afirmou que os três candidatos têm o apreço por parte do governo e que não ia opinar sobre um ou outro candidato. Foi uma novidade importante que ele colocou a despeito das narrativas e das versões que são criadas e constituídas sobre esse ou aquele candidato”, destacou.
O discurso na reunião foi visto entre os deputados como indicativo de que não haverá “veto” à candidatura de Elmar Nascimento, apontado como o favorito do atual presidente, Arthur Lira (PP-AL). Nascimento é tido com ressalvas no Palácio e em parte do PT pelos ataques a Lula na eleição passada e pelo histórico de antagonismo com o PT na Bahia. O líder do União Brasil agradeceu a fala e, segundo os presentes, disse que levará esse recado para Lira em busca de ser escolhido o candidato do atual presidente.
Lula ainda pediu agilidade para que os deputados votem a segunda etapa da reforma tributária — o projeto que cria o comitê-gestor do IBS — e informou que promoverá uma reunião com os 27 governadores para discutir um “pacto nacional” pela segurança pública e pautas que possam ajudar a combater a criminalidade em todo o país.
A crise em torno do pagamento das emendas parlamentares, que estão com a execução suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) até que seja dada mais transparência sobre a aplicação dos recursos, foi tratada apenas vagamente na reunião, segundo fontes. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, abriu a reunião dizendo acreditar na “maturidade” para encontraram uma solução negociada para o impasse.
Após o encontro, ele anunciou para a imprensa que o governo editará portaria para agilizar a liberação de verbas de emendas parlamentares impositivas para obras que já estão em execução. “O nosso foco nesse momento é você não paralisar obras, você não paralisar serviços, você não deixar que compromissos que já existem com estados e municípios sejam descumpridos”, disse.
Outro motivo de reclamação no encontro foi a promessa do petista de que não interferiria nas eleições municipais onde houvesse disputa na base aliada e que não envolvesse o bolsonarismo. Líder da maioria na Câmara, o deputado André Figueiredo (PDT-CE) criticou o presidente ter subido no palanque do PT em Fortaleza contra o prefeito José Sarto (PDT). “Isso incomodou muito o PDT”, protestou.