O presidente americano, Joe Biden, de 81 anos, concedeu na noite desta quinta-feira (11) uma entrevista coletiva em Washington dando sinais de que não pretende ceder às pressões para que abandone corrida pela reeleição, em 5 de novembro.
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Na sua primeira resposta, a um repórter que perguntou se ele considerava sua vice, Kamala Harris, como alguém capacitada para exercer a presidência, ele a chamou de “Trump”.
“Eu não teria escolhido a vice-presidente Trump [quando queria dizer Harris] para ser vice-presidente se não achasse que ela não era qualificada para ser presidente”, afirmou Biden. Para dizer em seguida que ele, Biden, era a pessoa mais qualificada para ocupar a Casa Branca.
“Eu derrotei Trump uma vez, e o derrotarei novamente”, afirmou. “Simplesmente continuaremos seguindo em frente. Temos muito a fazer e um trabalho a terminar”, declarou.
A entrevista selava o encerramento da reunião de cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, a aliança militar ocidental), em Washington. Pouco antes do encontro com jornalistas, Biden chamou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, presente na cúpula, de “presidente Putin”, durante um encontro bilateral. Depois, tentou se corrigir: “Presidente Putin! Vamos derrotar o presidente Putin. Presidente Zelensky. Estou focado em derrotar Putin. Temos de nos ocupar disso. De qualquer forma, senhor presidente.”
Gafes verbais & falhas de memória
Gafes verbais não são novidade para Biden. Em fevereiro, em um comício em Las Vegas, ele chamou o presidente francês, Emmanuel Macron, de “François Mitterrand”.
No decorrer da entrevista, Biden atribuiu suas falhas de memória ao acúmulo de tarefas dos últimos meses. “No próximo debate, não viajarei para 15 fusos horários uma semana antes”, afirmou, referindo-se ao confronto com Trump de junho.
Alguns analistas estimaram que ele se mostrou relativamente assertivo ao falar sobre suas conquistas econômicas e temas de política externa, como disputas com a China, a guerra na Ucrânia, a crise no Oriente Médio, etc. “Ele apresentou algumas falhas mas mostrou certa habilidade, talvez por estar falando mais vagarosamente, sobre temas como política exterior e China”, informou a comentarista do jornal “The New York Times” Lisa Lerer.
A entrevista era considerada um dos testes definitivos para a candidatura Biden. E se deu no momento em que a pressão para que abandone a corrida presidencial mais crescia.
O presidente disse na entrevista que “está cercado de bons médicos todos os dias”. “Se eles acharem que há um problema, eu prometo que farei um exame neurológico — ou mesmo se eles acharem que não há problema, mas acharem que eu deveria deva fazer um exame novamente, eu farei”, acrescentou.
Nova pesquisa de intenção de votos
Uma pesquisa do instituto Ipsos mostrou que 67% dos entrevistados gostariam que o presidente passasse a candidatura para outro democrata. A mesma pesquisa, encomendada pela emissora “ABCNews” e pelo “Washington Post”, indicava que Harris tinha 49% das intenções de voto se disputasse a eleição contra o ex-presidente Donald Trump, que teria 46% — desempenho superior ao Biden.
O atual presidente, pela mesma pesquisa, obteria 44% dos votos — numericamente atrás de Trump, que teria 46%.
A pesquisa Ipsos traz ainda outro dado preocupante para Biden: 85% dos entrevistados consideram-no idoso demais para ocupar o cargo. Trump, que é apenas três anos mais novo do que Biden, é considerado velho demais por 60% dos americanos.
O deputado Adam Smith, que foi um dos primeiros democratas da Câmara a pedir a retirada de Biden, disse que a própria expectativa sobre o desempenho de Biden na entrevista de encerramento da reunião da Otan já era uma indicação de que é preciso substituí-lo na cabeça da chapa presidencial o mais rápido possível.
“O que quero dizer é que, se estamos tendo uma conversa séria sobre se nosso candidato pode encarar uma entrevista coletiva neste ponto, nós já sabemos o que deveríamos saber e o que deve ser feito”, disse.
A continuação ou não de Biden na eleição presidencial ofuscou até mesmo a própria reunião de líderes da Otan — que esperava realizar uma cúpula festiva em Washington par celebrar seu 75º aniversário de fundação.
Doadores democratas disseram ao jornal britânico “Financial Times” que o financiamento para a campanha eleitoral do partido estava “secando” como consequência de Biden manter-se como candidato. “Não encontramos com ninguém no Senado ou entre doadores na Câmara que não gostaria de ver outro candidato à presidência”, disse o doador e investidor democrata Jeff Walker, membro do Leadership Now Project.