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Em busca da perenidade, companhias investem em protocolos contra desastres climáticos | Empresas

Redação
por Redação

Cada vez mais as mudanças climáticas estão sendo levadas em consideração nas decisões corporativas. No Brasil, as empresas veem o risco climático como a maior preocupação para a perenidade de um negócio, de acordo com o relatório Allianz Risk Barometer 2024. Em 2023, as mudanças climáticas ocupavam a oitava posição.

Na companhia, o protocolo de desastres, normalmente, é acionado quando o governo decreta estado de calamidade, mas há casos em que a própria rede de consultoras alerta a empresa

“Temos uma central de apoio social e, em situações mais graves, é comum que várias consultoras entrem em contato conosco. Quando temos um volume considerável acionando a central de apoio social por uma mesma razão (como quando tivemos deslizamentos no litoral de São Paulo em 2023, por exemplo), podemos ativar o protocolo de calamidades antes mesmo do alerta da Defesa Civil”, explica Diana Guimarães, gerente de Sustentabilidade e Inovação Social de Natura &Co.

As ações são personalizadas e variam de acordo com a crise, o contexto e as necessidades das pessoas atingidas. No entanto, a gerente afirma que há quatro premissas básicas:

  • Proteção da vida e mitigação de novos impactos;
  • Cuidar das pessoas;
  • Manter a economia circulando (para garantir a renda das Consultoras e fornecedores);
  • Apoio à sociedade como um todo.

“No caso do Rio Grande do Sul, destinamos mais de R$ 10 milhões em doações de produtos de higiene pessoal à Defesa Civil e à UNICEF, além de água e apoio logístico. Além desse montante, também prevemos o redirecionamento de recursos para nossas frentes de negócios e a retomada das operações locais quando for possível”, diz.

Nos últimos quatro anos, a Natura &Co ativou o seu protocolo de desastres 20 vezes. De acordo com Diana, através dele, são oferecidas assistências médicas, sociais, psicológicas, além de perdão de dívidas em casos críticos, prorrogação de boletos e envio de donativos necessários para cada situação.

“Um ponto que destacamos é que investimentos emergenciais são importantes, mas atuar na raiz é essencial. Organizações que ainda aumentam a pegada de carbono estão na contramão das recomendações da comunidade científica”, destaca.

A companhia, desde 2007, vem buscando reduzir as emissões de carbono e apoiando seus fornecedores nessa jornada. “Já evitamos a emissão de mais de 1,4 milhão de toneladas de CO2 na atmosfera por meio de projetos de inovação de baixo impacto”, acrescenta Diana.

Em 2023, a Natura &Co investiu cerca de R$ 15 milhões em projetos de compensação de carbono, incluindo pagamento de serviços ambientais prestados por comunidades locais e sistemas de agricultura regenerativa e resiliente às mudanças climáticas.

“Acreditamos que a sustentabilidade, por si só, já não é suficiente para restaurar o que foi degradado pela ação humana. Além disso, ações humanitárias são essenciais, mas as empresas precisam agir nas causas. Episódios como esses (no RS) se tornarão mais frequentes se as metas de redução de emissões continuarem a ser negligenciadas e revisadas para baixo”, diz.

Já a Ambev, companhia brasileira fabricante de bebida, para identificar e avaliar riscos e oportunidades, utiliza as diretrizes do Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (COSO). A metodologia usa um processo de quatro etapas:

  1. Definir o horizonte de tempo: avaliando o risco e estabelecendo prazos.
  2. Identificar e classificar as forças motrizes: incluindo riscos associados a eventos físicos crônicos e agudos como eventos climáticos extremos e/ou escassez de água em suas operações e cadeia de suprimentos.
  3. Desenvolver cenários relevantes.
  4. Identificar e monitorar sinais de alerta e criar estratégias.

De acordo com a companhia, é imprescindível que empresas atuem diariamente em agenda ESG e não só em momentos de crise.

“Existe uma diretoria social na Ambev que olha especialmente para assuntos urgentes, como fome e acesso à água potável, todos os dias. Há uma demanda para que as empresas assumam uma postura mais colaborativa para a geração de impacto positivo e isso é fundamental para a prosperidade do negócio, do país e do futuro de todos”, destaca a companhia.

No Rio Grande do Sul, a Ambev mobilizou esforços para apoiar seus colaboradores e as famílias que vivem nas regiões afetadas. Até agora, já foram doados mais de 5 milhões de litros de água, incluindo caminhões-pipa para suprir a necessidade de água de mais de 22 hospitais da região.

“Por conta da nossa experiência na pandemia – e com a ajuda do nosso ecossistema de parceiros – conseguimos viabilizar em tempo recorde a adaptação da nossa cervejaria em Viamão, na grande Porto Alegre, e paramos a produção de cerveja para, no lugar, envasar e doar água potável, uma vez que essa era a principal necessidade naquele momento”, explica a companhia.

Em seu relatório de sustentabilidade mais recente, a companhia firmou algumas metas e ambições que visam contribuir para a redução dos impactos climáticos como:

  • Redução de intensidade de emissões de GEE: a Ambev se comprometeu a reduzir em 25% suas emissões de intensidade considerando os escopos 1, 2 e 3 até 2025, tendo como base 2017;
  • Consumo de energia elétrica renovável: a Ambev se comprometeu a atingir 100% de eletricidade renovável em suas operações até 2025;
  • Embalagem circular: compromisso de ter 100% dos produtos envasados em embalagens retornáveis e/ou que essas embalagens tenham no mínimo 50% de conteúdo reciclado até 2025, considerando o ano base 2017;
  • Agricultura regenerativa: atingir sete mil hectares de agricultura regenerativa;
  • Métricas institucionais: redução de volume das emissões, redução de intensidade de emissões e circularidade das embalagens.
  • Métricas operacionais: eficiência das operações fabris, consumo de energia, eficiência energética, consumo de combustíveis, unidades carbono neutras, níveis de eficiência da logística de transporte e preço de carbono para projetos.

A Aegea, que atua no setor de saneamento no Brasil, tem concessionárias em todas as regiões do país, de norte a sul e sofre com a ameaça iminente à segurança hídrica. Para se proteger, de acordo com a companhia, há um monitoramento diário da situação dos sistemas hídricos no Brasil, além da diversificação das fontes de abastecimento de água, reduzindo a dependência de fontes mais vulneráveis às variações climáticas.

“Devido à grande responsabilidade, o acompanhamento e monitoramento diário do volume de chuva nas bacias hidrográficas onde estão as unidades é uma questão estratégica, inerente ao negócio”, destaca a companhia.

O setor de Segurança Hídrica da empresa desenvolveu KPIs para monitorar os potenciais riscos relacionados às mudanças climáticas com base em 4 indicadores-chave de performance:

  • Histórico de temperatura nas bacias hidrográficas;
  • Histórico de precipitação nas bacias hidrográficas;
  • Estimativa do histórico de vazão no manancial;
  • Volume micromedido de água distribuído nos municípios.

A empresa afirma que esses fatores podem interferir diretamente em suas operações. Os riscos de curto e médio prazo podem causar, por exemplo, interrupções na prestação dos serviços, o que pode levar ao desabastecimento de água. Já os riscos de longo prazo podem levar à redução do nível e vazão de corpos hídricos, impactando na disponibilidade de água bruta para ser tratada e fornecida aos clientes.

” Os planos de ação podem incluir a realização de investimentos e outras intervenções, por exemplo, com gastos associados que são aprovados pelo Conselho de Administração”, explica a Aegea.

Além disso, a empresa conta com apólices de seguros com coberturas relacionadas aos riscos climáticos. No RS, por exemplo, a Aegea precisou acionar as medidas mitigadoras dos impactos, incluindo o plano de emergência e a coberturas de seguros.

De acordo com seu relatório de sustentabilidade, as enchentes no estado gaúcho tiveram o impacto de R$ 97 milhões em custos e R$ 105 milhões em receitas incluindo o programa de apoio aos clientes afetados pelas inundações e alagamentos, com isenções tarifárias por até 6 meses. Entretanto, as apólices de seguro totalizam R$ 230 milhões e cobriram os custos.

De 2021 até 2023, a Aegea investiu mais de R$ 74 milhões em ações de combate e estiagem e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Além disso, só em 2023 foram mais de R$ 240 milhões em obras de melhoria em segurança hídrica, que envolvem diversas melhorias nos sistemas de abastecimento.

“Para quem trabalha com infraestrutura, especificamente, está em nosso amago ficar conectado com essa evolução ambiental que já está acontecendo no Brasil. Cada vez mais vemos que é essencial pensar em planos críticos que proporcionem a evolução na infraestrutura no Brasil, pensando na criação e implementação de forma sustentável”, destaca Presidente da Aegea Radamés Casseb.

Fonte: Externa

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