Ao listar as incertezas relacionadas ao cenário externo, o diretor de organização do sistema financeiro e resolução do Banco Central, Renato Gomes, afirmou que as eleições americanas são uma grande fonte de incerteza e podem ser, daqui em diante, um fator determinante para o comportamento da taxa de câmbio.
Segundo ele, a economia dos Estados Unidos parece estar chegando a um ponto de inflexão, com alguma desaceleração na atividade econômica e no mercado de trabalho, o que pode alterar o modo como o Federal Reserve (Fed, o banco cenrral americano) irá se comportar daqui em diante.
“Acho que a maioria concorda que, para a economia dos EUA, está em um ponto de inflexão. A economia deve desacelerar e começar a afetar como o Fed vai se comportar daqui em diante”, afirmou o dirigente, em evento organizado pelo Bank of America, em Washington.
Na sequência, Gomes apontou que o comportamento adotado pela autoridade monetária americana seria importante para determinar a taxa de câmbio, mas também citou as incertezas relacionadas ao processo eleitoral naquele país. “A eleição nos EUA talvez seja tão importante quanto o ciclo de afrouxamento nos EUA. Há muita incerteza sobre a eleição e parece ser um cara ou coroa. É uma grande fonte de incerteza. O comportamento do Fed e a eleição são duas coisas para monitorar atentamente”, afirmou.
Apesar de sua descrição do cenário internacional, o diretor do BC voltou a enfatizar que não há uma relação mecânica entre a política monetária nos EUA e no Brasil e tampouco da taxa de câmbio. Gomes também ressaltou as incertezas relacionadas ao cenário da economia chinesa, ao sublinhar que é difícil mapear como o governo da China vai agir frente à desaceleração econômica do país.
“Tipicamente os efeitos da China no Brasil são via commodities e há três caminhos para afetar a inflação. O primeiro seria a taxa de câmbio, outro pelos preços das commodities, que afetam índices de preços aos produtores, mas também há um efeito de receita, já que o Brasil é um exportador de commodities”, apontou.
Para avaliar quais fatores acabariam sendo determinantes na dinâmica macroeconômica, no entanto, Gomes avalia que seria necessário um estudo econométrico sobre o preço de cada commodity e mensurar quais seriam os principais efeitos.