O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), se reuniu hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto, para tentar encontrar uma solução para o terreno do antigo Gasômetro, no centro do Rio de Janeiro, onde o Flamengo pretende construir um estádio próprio. O tema envolve o governo federal porque tem colocado em lados opostos a Prefeitura do Rio de Janeiro e a Caixa Econômica Federal, proprietária da área antes da ação de desapropriação encaminhada pela prefeitura.
“É importante dizer que, por iniciativa da prefeitura [do Rio], o FGTS teve um lucro de R$ 6,5 bilhões ano passado. Foi o perdão da dívida que eles tinham com a prefeitura do Rio. Então, a pessoa mais preocupada aqui em que o fundo de garantia tenha seu patrimônio preservado é a prefeitura do Rio. Nós estamos dando todas as condições para a Caixa não ter nenhum tipo de problema nessa situação”, complementou.
O terreno, localizado em São Cristóvão, pertencia ao Fundo de Investimento Imobiliário da Caixa Econômica Federal e foi desapropriado por Eduardo Paes em junho. O edital de licitação estipulou como obrigatoriedade a implementação de um estádio, o que amarrou o leilão a favor do Flamengo. A Caixa, por sua vez, conseguiu uma liminar na Justiça do Rio para suspender o leilão, sob o argumento de que a desapropriação favoreceu o clube em relação a outros possíveis licitantes.
Além de Lula e Eduardo Paes, participaram da reunião no Planalto o ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias; a ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck; o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira. Os órgãos formam uma câmara de conciliação sobre o tema.
“É o que a gente chama de uma câmara de conciliação para tentar resolver essas pendengas, ao comando do presidente, dentro da lei e observando os critérios legais. E é um comando meu para o jurídico do município para que a gente possa acertar essa situação”, explicou Paes.
Em nota, a Caixa afirmou que em nenhum momento se posicionou contrária à construção do estádio do Flamengo. “A CAIXA, por dever de fidúcia e gestora do Fundo de Investimento Imobiliário Porto Maravilha (FIII-PM), tem a obrigação de defender o interesse de seu cotista”, disse o banco.
A estatal também avaliou a solução pela conciliação. “A CAIXA entende que a atuação da Advocacia-Geral da União, por meio da câmara de conciliação, poderá ser alternativa para a defesa de todos os interesses envolvidos.”
No encontro, ficou acertado que haverá uma nova reunião sobre o assunto nos próximos dias. “Nós vamos ter uma reunião no Rio de Janeiro na próxima quinta-feira em que todos esses problemas, que eventualmente existam, possam ser resolvidos entre o jurídico da Prefeitura e o jurídico aqui do governo federal, a AGU, Ministério da Gestão, aí a gente vai encaminhar. Eu tenho certeza que hoje nós demos passos bastante largos para o Flamengo – é com muita dor que o vascaíno aqui fala isso – ter o estádio ali no Gasômetro”, acrescentou.
O prefeito do Rio lembrou que, apesar de Lula se declarar torcedor do Vasco no Rio de Janeiro, a primeira-dama Rosangela Janja da Silva é flamenguista. Por isso, segundo Paes, há uma “pressão doméstica” para que o presidente da República ajude a resolver a controvérsia.
“Acho que os esclarecimentos necessários foram feitos ao presidente da República, que desde o início é muito simpático ao Estádio do Flamengo. Ele também é vascaíno no Rio, mas a primeira-dama Janja é flamenguista, então ele tem uma pressão provavelmente doméstica ali. Enfim, as coisas caminham bem. Eu acho que tem toda boa vontade do presidente da República, acho que foi fundamental a entrada dele na história”, afirmou o prefeito.