A disponibilidade de mão-de-obra qualificada, pela primeira vez, representa o principal desafio para o crescimento do setor de consumo, de acordo com executivos brasileiros. Os dados fazem parte do recorte setorial da pesquisa CEO Survey, realizada pela consultoria PwC, que ouviu 4,7 mil executivos de mais de cem países.
Por outro lado, enquanto 53% dos executivos brasileiros apontaram que vão ampliar suas equipes no próximo ano, a média no setor de consumo foi de 59%, indicando a intenção de ampliar a força de trabalho. Apesar disso, a falta de profissionais capacitados foi apontada como principal preocupação do setor na 28ª edição da pesquisa. É a primeira vez que a disponibilidade de mão-de-obra lidera as preocupações, ultrapassando desafios recorrentes como a segurança cibernética.
A sócia e líder da indústria de consumo e varejo da PwC, Luciana Medeiros, afirma que, mesmo com ganhos de eficiência relativos à tecnologia, a presença de um bom profissional segue essencial no varejo brasileiro. “A inteligência artificial pode melhorar a experiência do cliente, auxiliar em uma busca, mas não vai substituir a mão-de-obra em um chão de loja”, afirma.
A PwC aponta que 63% dos executivos do setor relataram ganhos de eficiência com o uso da inteligência artificial generativa, acima da média nacional de 52%. O uso da tecnologia também refletiu um aumento na receita de vendas para 41% dos CEOs do setor de consumo.
Luciana Medeiros destacou que o nível de confiança dos consumidores é especialmente estratégico para o setor, mais do que em outros setores ouvidos pela PwC. “Neste ano o setor de consumo vê uma aceleração, mas existe uma preocupação de como isso será nos próximos três anos”, afirma.
De acordo com Luciana Medeiros, o setor de consumo passa por um momento de “otimismo cauteloso”. A pesquisa aponta que, para 33% dos executivos de consumo, suas empresas não serão viáveis economicamente nos próximos dez anos sem inovação —percentual abaixo da média nacional de 45%.